quinta-feira, 10 de maio de 2012


Mas ela teve aquilo a que se pode chamar um momento de clarividência. Foi mais doloroso, mais revelador do que tudo o que tinha experimentado antes ou viria a experimentar. A dor foi tão profunda que preferiria uma dor fisica forte e feia.
Um filho ama-se incondicionalmente, mas quase sempre se vê um filho, como nós gostariamos que ele fosse e não como ele é na realidade. E quando se descobre que ele não é como nós idealizámos, o sofrimento é tão grande, que dói para além de tudo o que se possa imaginar e suportar.

A dor dela doía-lhe e dilacerava-a. Despiu os seus pensamentos das palavas e como o seu coração transbordava de sofrimento, os seus olhos pareciam um rio. O ar estava pesado de humidade, tão pesado que os peixes poderiam nadar nele.

Ela olhou em seu redor, sem se mexer, girando apenas as pupilas, os olhos fecharam-se e viajou rumo ao céu caindo num sonho…..

E viu o filho….aquele filho que tanto a fazia sofrer….viu-o caminhando pelo monte, pedalando pelo monte acima, tinha a cor corada, uma tez brilhante e sorria….. lá em cima no monte esteve parado uns instantes olhando o horizonte…. E quando já pedalava pelo monte abaixo, conseguia meter o vento dentro da camisa e trazia um semblante feliz.

Ela acordou e quis acreditar que finalmente ele tinha encontrado o seu rumo e isso era o que contava agora.




Maria Dias
Maio 2012

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