terça-feira, 1 de abril de 2014

A minha página para o Boletim da Arpic de Abril:

O CANTINHO DA POESIA, PENSAMENTOS, CONTOS E OUTROS…..

Neste mês comemoram-se os 40 anos do 25 de Abril, bem gostaria que o meu poema e o meu desabafo fossem diferentes

Era uma vez… o 25 de Abril
A tão proclamada e desejada liberdade,
Passaram 40 anos, que mais parecem mil,
Mas o “Agora” é uma dura realidade…

Volta o pé descalço, a fome envergonhada,
Crianças de estômago vazio nas escolas,
Somos roubados pelo Governo à descarada,
Como se as nossas reformas fossem esmolas

Semeia-se a fome, a miséria, o desemprego
Os jovens que emigrem para outros países,
Esquecendo pelo seu País qualquer apego,
E se for preciso, até podem cortar suas raízes

Cortam-se nos salários para as contas equilibrar
Corta-se na saúde, nas reformas e na educação,
Afinal que rumo é este, onde é que vamos parar?
Como se aumenta a economia com esta gestão?

O empobrecimento da Pátria é um ultraje e uma má memória
Para quem conheceu os velhos tempos das nossa história,
Oh Povo acordai, acordai, está na hora de reagir
Não vamos deixar a Liberdade do 25 de Abril fugir!


Desabafo:
Entrei na reforma involuntariamente, motivado pela conjuntura ocorrida na época (2006/2007), a moda das fusões, a centralização Ibérica, ficando nós na maioria dos casos a depender dos nuestros hermanos.  E o que se seguia, era depois de não precisarem de nós, fecharem em Portugal e manterem a actividade em Espanha. Também não lhes valeu de muito, mas isso agora não interessa.
Trabalhei mais de 33 anos, descontei uma vida inteira, e não foi pouco. Os meus últimos anos da minha vida profissional foram passados numa multinacional, trabalhei arduamente, ganhava bem, “descontava bem”. Por isso, sempre pensei que iria ter uma reforma desafogada, que me permitisse pelo menos ter uma vida descansada, sem preocupações. Sendo “obrigada” a deixar de trabalhar mais cedo, mesmo com os enormes cortes inerentes a essa situação, tentei adaptar-me à pensão que iria receber. E resignei-me, aliás sempre a tentar não esquecer que há situações bem piores.
Agora o que não consigo resignar-me é com o cenário actual. Os cortes têm sido sucessivos, e como deixei de ter recibos nunca sei com o que conto. E o pior, é o medo do dia de amanhã, o medo de não se conseguir ajudar os filhos no desemprego, o medo da falta de saúde e da assistência à mesma nos faltar. Esta insegurança latente no nosso dia-a-dia, leva-nos a uma revolta e a uma angústia desmedida. Como é possível sermos tratados assim? Como se nos tivessem a dar uma esmola, como se os “reformados” os velhos e os menos velhos, estivessem a mais neste País. Como se fossemos nós que tivéssemos gasto para além das nossas possibilidades. Estamos a pagar a factura com uma crueldade desmedida e o que mais me entristece, sem ver frutos desse sacrifício.
Não foi este o País em que desejei viver o resto dos meus dias. Receio pelo nosso futuro e pelo futuro dos meus filhos.
É com muita força de vontade que tento superar esta revolta para viver o melhor possível o “presente”, evitando pensar demasiado no “futuro”.


Maria Dias

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