quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Janela do Hospital


Num quarto de hospital estavam dois homens muito doentes. Um deles ficava próximo da janela,  o outro ficava mais isolado, no canto do quarto.
O paciente isolado só podia ficar de bruços, porque precisava, de tempos em tempos, retirar líquido dos seus pulmões.
Com o passar do tempo os dois pacientes tornaram-se conhecidos e conversavam sobre diversos assuntos, entre os quais suas  experiências de vida.
Certo dia o paciente perto da janela resolveu começar a narrar todas as coisas que ele podia ver da sua janela para o seu colega de quarto.
Descrevia as árvores, as flores, os pássaros que voavam pelos céus e no horizonte até era possível avistar os arranhas céus da cidade. Dizia que havia crianças a brincar no parque, casais de namorados a passear... e num outro dia até um desfile no parque, não dava para escutar a músicas, mas era como um festival de cores.
O homem perto da janela descrevia tudo que via de forma tão esplêndida, sem poupar os detalhes, que fazia o paciente isolado fechar os olhos e imaginar tudo que seu colega de quarto narrava.
As semanas foram-se passando, e aquele homem mais isolado vivia daquelas descrições que o levavam a imaginar tanta coisa que lhe estava vedada observar. Todos os dias ansiava por aqueles momentos.
Certo dia a enfermeira veio para cuidar dos pacientes e logo percebeu que o paciente perto da janela tinha morrido enquanto dormia, todavia seu semblante era de paz e tranquilidade. Ela muito triste, pediu ajuda para realizar a remoção do corpo.
O seu companheiro de quarto ficou desolado pela perda do amigo.... mas entretanto pensou que tinha ver com os seus próprios olhos a paisagem através daquela janela.
Quando julgou adequado, pediu à enfermeira que o colocasse perto da janela onde seu colega de quarto ficava e a mesma prontamente realizou o seu pedido.
Quando não havia ninguém no quarto o paciente, agora perto da janela, fez um grande esforço  para se levantar e observar a paisagem para saber se era exatamente como ele imaginava. Quando alcançou seu objetivo ficou surpreso ao ver que a aquela janela dava simplesmente para um muro pintado de branco. 
Ele ficou muito surpreendido e confuso, não entendia o que isso significava e quando a enfermeira retornou ao quarto, ele contou-lhe todas as descrições que seu antigo colega de quarto fazia e das coisas que ele dizia  ver através da janela. A enfermeira disse que o seu companheiro de quarto não tinha como ver nada,  porque ele era cego.
Sem entender, o paciente questionou-se e comentou com a enfermeira o motivo do outro paciente fazer aquelas descrições com tanta veracidade e entusiasmo... A enfermeira disse que talvez ele só quisesse passar-lhe alguma coragem, pois ele, ali isolado, não se podia  mover.



A felicidade pode existir em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor, sendo partilhada, é metade da tristeza e a felicidade quando partilhada é a dobrar.


Aproveito para destacar uma frase de Edgar Allan Poe
“Os olhos são as janelas da alma”






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