Ela fechou os olhos, inclinou o rosto em direção ao céu e deixou
que a brisa marítima lhe fizesse cócegas nas pálpebras - gaivotas a conversar
mais ao longe na praia, um inseto que passou junto ao seu ouvido, ondas suaves
que batiam ritmadamente na praia -.
Foi avassalada por uma enorme sensação de serenidade ao fazer corresponder a respiração com o ritmo do mar. A chuva recente remexera a água salgada e o odor intenso misturava-se no vento.
Abriu os olhos e contemplou a paisagem com lentidão, achou maravilhoso, sentiu invadir-se por uma alegria imensa e pensou: “É isto o que os pássaros devem sentir quando voam por cima da praia”. Aquela alegria era como uma brisa suave. Um sentimento tão intenso e ao mesmo tempo tão simples.
Questionou-se sobre o porquê de complicarmos as coisas. Quis entender o porquê dos nossos olhos se gastarem no dia-a-dia, parecendo por vezes opacos, e quando isso acontece instala-se no nosso coração o monstro da indiferença.
Mas que ironia esta, a de tanto querermos e acabarmos por esquecer
as coisas mais simples da vida, tão simples como a natureza, que se nos oferece simplesmente ao
nosso olhar, para que dela desfrutemos e nos possamos sentir cheios de alegria
por viver!
MD
2020
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