Ela fechou os olhos, inclinou o rosto em
direcção ao céu e deixou que a brisa marítima lhe fizesse cócegas nas
pálpebras…gaivotas a conversar mais ao longe na praia, um insecto que passou
junto ao seu ouvido, ondas suaves que batiam ritmadamente na praia. Foi
avassalada por uma enorme sensação de serenidade ao fazer corresponder a
respiração com o ritmo do mar. A chuva recente remexera a água salgada e o odor
intenso misturava-se no vento.
Abriu os olhos e contemplou a paisagem com
lentidão, achou maravilhoso, sentiu invadir-se por uma alegria imensa e pensou:
“É isto o que os pássaros devem sentir quando voam por cima da praia”. Aquela
alegria era como uma brisa suave. Um sentimento tão intenso e ao mesmo tempo
tão simples.
Questionou-se sobre o porquê de complicarmos
as coisas. Quis entender o porquê dos nossos olhos se gastarem no dia-a-dia, parecendo
por vezes opacos, e quando isso acontece instala-se no nosso coração o monstro
da indiferença.
Mas que ironia esta, a de tanto querermos e
acabarmos por esquecer as coisas mais simples da vida, tão simples como a
natureza, que se nos oferece simplesmente ao nosso olhar, para que dela desfrutemos
e nos possamos sentir cheios de alegria por viver!
Maria Dias
Óleo s/Tela
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