Sentada junto à porta, Carla
não sabia o que fazer. Não sabia se devia entrar, ou se devia partir, naquele
instante, só lhe restava ficar. E ali permanecia estática a pensar nele. A
pensar no vazio do seu lugar. O vazio do
aconchego, o vazio da ternura, o vazio do amor.
“Ai a falta que me fazes” suspirava ela. E eu sei que tu não
querias partir, vi-o nos teus olhos, mas partiste! E ficou aquele lugar vazio,
apenas cheio da saudade do teu calor. O teu calor que me embalava antes de
adormecer. E agora como vou fazer? Sinto frio, um frio que dói, dói muito, e cá
no fundo. Quem me vai sussurrar ao ouvido palavras ternas de embalar, quem me
vai aquecer?”
E Carla ali estava, tendo como companhia, apenas o silêncio das palavras
dele. O silêncio dos seus passos e o silêncio dos seus beijos.
“Como é que vou sobreviver? Naquele quarto só o silêncio
permanece. Ele e eu. Receio enlouquecer com este silêncio que me envolve” -
Continuava ela a pensar.
E ali permaneceu, sentada junto à porta, sem saber o que fazer!
Maria Dias
E foi assim mais um texto dito e encenado por Joana Tavares no "Boa Noite Silêncio"
Sem comentários:
Enviar um comentário