terça-feira, 28 de outubro de 2014


Sentada junto à porta, Carla não sabia o que fazer. Não sabia se devia entrar, ou se devia partir, naquele instante, só lhe restava ficar. E ali permanecia estática a pensar nele. A pensar no vazio do seu lugar. O vazio do aconchego, o vazio da ternura, o vazio do amor.
“Ai a falta que me fazes” suspirava ela. E eu sei que tu não querias partir, vi-o nos teus olhos, mas partiste! E ficou aquele lugar vazio, apenas cheio da saudade do teu calor. O teu calor que me embalava antes de adormecer. E agora como vou fazer? Sinto frio, um frio que dói, dói muito, e cá no fundo. Quem me vai sussurrar ao ouvido palavras ternas de embalar, quem me vai aquecer?”
E Carla ali estava, tendo como companhia, apenas o silêncio das palavras dele. O silêncio dos seus passos e o silêncio dos seus beijos.
“Como é que vou sobreviver? Naquele quarto só o silêncio permanece. Ele e eu. Receio enlouquecer com este silêncio que me envolve” - Continuava ela a pensar.

E ali permaneceu, sentada junto à porta, sem saber o que fazer!

Maria Dias




E foi assim mais um texto dito e encenado por Joana Tavares no "Boa Noite Silêncio" 



Sem comentários:

Enviar um comentário