segunda-feira, 30 de abril de 2012


Maio

Entra hoje o mês das flores,
Lindo Maio, o perfumado;
Em que todo o namorado
Dá um ramo aos seus amores!
A não serem dissabores,
Um também te houvera dado.

Dera-te uma bela rosa
Só meia desabrochada;
Inda de pranto banhada
D’aurora pura e formosa!
Imagem da desditosa,
Com meia vida roubada!

Um jasmim também te dera…
É tão alvo e delicado!...
Em seu cálix apertado
Doce lágrima se gera,
Que à memória te trouxera
Um peito nunca manchado!

Mas eu só tinha um amor,
Que encontrei murcho no chão!
Calcado sem compaixão,
Já não parecia uma flor!
Ah! quem não teria dor
De assim ver a perfeição?

O meu jardim acabou;
Já não tenho mais que dar:
Para dele me lembrar
Só uma silva ficou
Selvagem, que se criou
Para prender, e rasgar!


POETISA MARIA BROWN

domingo, 29 de abril de 2012


Desencontros
Eram 6h da manhã…..lá fora chovia, e a Ana já estava cordada, a lutar para adormecer de novo, a lutar para não pensar na sua vida….mas em vão. Lá vinha aquela sensação tão dolorosa de se sentir sò…tão terrivelmente sò….olhou para o lado e o João ali, estava a dormir….ou não, talvez a fingir que dormia….. e ela só se questionava o porquê de tanta solidão…. As saudades de bons momentos, a falta de sexo, mas o pior nem era isso, o pior nem era a falta de sexo,  era a falta de carinho. Mas porquê? Ah aquele silêncio entre os dois, aquela distância, os raros beijos dados a fugir, ah há quanto tempo ele nem olha para ela, nem lhe diz como era seu hábito “estás bonita hoje”...como se os constantes arrufos dos últimos tempos se prolongassem indefinidamente…..as lágrimas teimam em deslizar pelo rosto da Ana e ela decide que assim não podem continuar e que vai falar…. Mas não quer discutir …
O João também não dorme, mas finge dormir, para não ter de falar…ele é assim calado, e reconhece que tem saudades dela, mas já lhe custa fazer um gesto mais carinhoso, porque a sente distante, e quando pensa que ela está tão bonita, já não lhe diz…. E pensa, o que se passa com ela? Será que já não me ama? Que se cansou de tantos arrufos? E tenta adormecer… se fosse antigamente puxava-a para ele, abraçava-a, e ficavam assim abraçados, ah que saudades…..
E é assim que caminhos paralelos de duas pessoas que ainda se amam, mas que se sentem muito magoadas, se vão distanciando cada vez mais…sabe-se lá até quando… tudo isto, porque cada um sofre a pensar para si mesmo, em vez de pensar em conjunto, a isso chama-se falta de diálogo.

Maria Dias
Abril 2012

sábado, 28 de abril de 2012


Equilibrio é habilidade
De saber olhar a vida,
Enfrentando a realidade,
E a partir da experiência vivida
Criar uma clara perspectiva,
Para na hora da verdade
Agir com alguma sensatez,
Porque o tempo não volta
O tempo passa de vez!


O que é o amor afinal?
É tão dificil de definir,
Tão dificil de compreender,
Tornam-no tão banal,
A ele não se pode fugir,
Sem o qual não se pode viver.

Sentimento controverso
Citado por grandes poetas,
Uma mensagem em cada verso
Todas opiniões muito certas,
Ah … “o  amor é eterno”
“Quem disser que se pode amar alguém
A vida inteira é porque mente”….

Mas eu estou crente
Que o amor pode ser isso tudo,
Para além do que aqui existe, contudo,
Há um mundo onde vivem para sempre
Todos os que ousaram amar….
Seja apenas por algum tempo,
Ou seja para sempre ficar.

Ama-se até para além da morte
Porque o fim não é o momento
Em que as coisas se separam,
Mas o ponto em que acabam,
O ponto em que se dá o corte.

O amor é a essência da vida!


quarta-feira, 25 de abril de 2012


Hoje o mar estava revoltado,
De mãos dadas com o vento
Gemiam os dois lado a lado,
Queixando-se como num lamento!

A eles juntou-se a chuva inquietante,
E os três continuaram de mãos dadas,
Valeu a paisagem deslumbrante,
Os momentos entre amigos e risadas!

Maria Dias
25.Abril.2012

terça-feira, 24 de abril de 2012


Era uma vez….25 de Abril
Chegou a tão desejada Liberdade…
Aqui estamos para a celebrar,
Mas…. O sentido histórico dessa data
Não chega para a nossa tristeza matar,
Pelo País do presente, pela dura realidade
Criada pelos sucessivos (des)governos
Originada por tanta irresponsabilidade!

O cravo murchou, a Liberdade chora,
Onde estão os ideais da revolução?
O que queremos pois então?
Queremos outro País já, sem demora!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O campo cobre-se de um verde atrevido
 Salpicado de flores de cor variada,
Pasma-se a olhar para aquele colorido,
Com música de fundo da passarada.

São verdes tão diversificados
Que se fundem no azul do horizonte,
Correm os riachos e os regatos
Saltamos pela planicie até ao monte.

A imaginação solta-nos as asas,
E é quando deparamos com aquela flor,
Que sobressai no meio das casas,
Como um par enlevado no seu amor.

Inebriados com a brisa no rosto,
E levados em sonhos como numa dança,
Admiramos a paisagem com gosto,
Enquanto a vida pula, e o mundo avança!

Maria Dias Abril 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Quando eu estiver triste,
abraça-me simplesmente….
Sei que não fugiste,
E ficarei mais contente.

Não vais levar a minha tristeza
Mas vais dar-me a tua alegria,
Vais ajudar-me concerteza,
Hoje é assim, amanhã, será outro dia.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A vida da Borboleta

A Borboleta é um insecto
Que começa por ser um ovo,
Ainda sem qualquer aspecto,
Algum tempo sem nada de novo

Depois passa para larva
Que é a sua fase mais longa,
Essa é a luta que trava
Passa a casulo e fica pronta,

Pronta para desabrochar 
E do monstro sair,
E finalmente na “bela” se tornar
Quase pronta para fugir.

Borboleta colorida, tão bela,
Já preparada para voar,
Voa, como se saisse duma tela,
Companheiro quer impressionar

O objectivo é acasalar
E terá que ser depressa
Para a espécie perpertuar
Antes que a morte aconteça

Borboletas são tão belas
O que seria delas
Se não pudessem voar?
O céu e as estrelas
Não poderiam vê-las passar!

E foi um orgulho ouvir ontem o meu poema Liberdade, e tão bem representado pela Joana Tavares e pelo João Borges Oliveira, no magnifico espectáculo "Boa Noite" Liberdades.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O silêncio às vezes dói
Como se ninguém estivesse ali,
E o pior é que destrói,
O pior é que sinto que fugi…

Fugir das palavras naqueles momentos,
Que fazem falta, que são essenciais,
Nem que sejam simples lamentos,
Mas que se tornam cruciais

Cruciais para um entendimento,
Saltar a barreira, nem que seja por um triz,
Ultrapassar todo o sofrimento,
para tudo resolver, e se tentar viver feliz!



Maria Dias
Abril 2012
O medo corrói a alma
É algo que nos apavora,
Não conseguimos ter calma,
É como bicho que nos devora.

Ah o medo que nos paralisa
E por vezes aterroriza,
Medo de amar,
Medo de perder,
Medo de avançar,
Medo de não vencer.

Mas ele existe sempre
Nem que seja em segredo,
E só se consegue ultrapassar
Quando se enfrenta esse medo,
E então sim, prontos a arriscar!

sábado, 14 de abril de 2012

O meu País e nós somos comandados
Por gente sem memória,
Uma raça de gente sem história,
Gente que não passam de criados
Mas que não se importam de o ser,
Desde que tenham um pouco de poder.

E o povo, esse terá de se conformar
Com tudo o que está a acontecer,
Como será que se vai adaptar,
No futuro como irá sobreviver?
Esta chuva abençoada
Que tanta falta fazia,
P’los agricultores desejada
Agora até parece magia….!

Maria Dias
Abril. 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Já que dizem que hoje é o dia internacional do beijo, aqui recordo o poema:

Beijos
São como bálsamo para a pele,
São para o corpo anos de vida,
São alimento para a alma,
Na aparência reflectida,
Afagando-nos com calma.

E dizes tu, beija-me, beija-me muito
Como se fosse a última vez.
Beija-me com ternura,
Beija-me com amor,
Beija-me com fofura,
Beija-me com carinho,
Beija-me com paixão,
Beija-me devagrinho,
Beija-me com provocação,
Acaricia-me com beijos,
Inventa os meus e os teus desejos
E fica, continuemos a beijar…
Continuemos a nos amar!


Março.2012
Maria Dias

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo.

Albert Einstein

terça-feira, 10 de abril de 2012

Pintar a seda
Leva-nos à sensação
De uma mágica leveza,
A tinta escorre pela mão
E reproduz uma incerteza

Pintar a seda
Tão leve e envolvente
De harmonia perfeita,
Tomando o tom quente,
Pintado numa linha direita

A seda
Que depois de pintada
Nos envolve com suavidade,
Ficando ali retratada
Uma tentativa de criatividade!


Abril 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ela chega de mansinho
Sempre sem avisar,
Vem devagarinho
Para todos surpreender,
E se chega devagar,
Vai embora a correr.

Vai e leva com ela
Alguém que nos é querido,
É uma dor singela
Tão forte, tudo sofrido,
O desejo de não ser verdade,
De esquecer aquele momento,
Como fugir à realidade
E acabar com tal sofrimento.

Tinhamos esquecido
De que temos de morrer.
E quando o homem
Fala da eternidade
É como um cego
Que não quer ver.
A morte é natural
E não tem rival!



Abril 2012




.
Há dias em que as palavras
Não chegam para expressar
Os sentimentos,
Fica o silêncio….
Reflectido num olhar,
Sem ressentimentos,
Nada é preciso dizer,
Apenas sentir,
Transmitir,
Observar,
Não fugir,
Amar,
Ficar em comunhão,
O silêncio escutar,
Dar a mão
E sentir o coração!


Abril 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Anita
Natural
Imaginativa
Teimosa
Apaixonada

Menina,
Sensual,
Criativa,
Dengosa,
Já Mulher,
Bonita,
O que ela quer
Ser amada
Viver a vida.
A ela desejo
Únicamente
Simplesmente…
Que seja Feliz!


04.Abril.2012

domingo, 1 de abril de 2012

1 de Abril dia das mentiras
Antigamente chamado
o dia das “petas”
Dia dos tolos
Ou dia dos bobos.
Mas eu gostava
Porque pregava partidas
Aos amigos
Engraçadas e inocentes,
Eles ficavam crentes,
E eram sempre divertidas.
Os restantes dias do ano
Eram para ser levados a sério
Para sermos verdadeiros,
Mas tudo se perde,
E esses momentos derradeiros
Já não existem mais.
Antigamente,
Até as agências e os jornais
Publicavam a sua “mentira”
No dia 1 de Abril
Considerando o dia das mentiras
Uma brincadeira normal
E uma tradição anual.
Agora tudo acabou
Não sei se, por acharem
que vivemos num mundo
demasiado sério,
Ou se, porque já vivemos
com tanta mentira…..
Não queremos mais não.
E lá se acabou
A velha tradição
Da “peta” do dia 1 de Abril,
Agora ficam as mentiras
Dos outros dias, que são mais de mil….



1 de Abril
O eléctrico amarelo
O eléctrico mais tipico da cidade
É o 28, que os turistas apanham
Como quem bebe ginginhas….
E aí começam as voltinhas
Pelas ruelas já sem idade.

Dá a volta às colinas
Às sete colinas de Lisboa,
Passa pelas casas pombalinas
É como a canção entoa…

E lá continua…
Pelos poisos do Pessoa,
Pelas ruas do gasto basalto,
Pelas igrejas de estilo barroco,
Passa perto do Bairro Alto,
Sobe e desce num gemido louco,

Passa pelos nichos mouriscos,
Pelos azulejos cheios de fumaça
Das tascas com cheiro a petiscos…
Mas eis que a magia se esvoaça,
Quando os carteiristas entram em acção
E num abrir e fechar de olhos
Às carteiras deitam a mão…

E quando uma das turistas
Resolve pegar no telemovel e
a policia chamar…
o eléctrico já sem magia
a gemer vai parar….
e em vez de justiça se fazer
lá vai a turista a correr
para na esquadra justificar
a chamada ao local
e tudo acaba mal:
A turista lixou-se,
O carteirista pisgou-se,
E o 28 pasmou-se….!

Do passeio fica a recordação
Das maravilhosas vistas,
Mas a parte da carteira em acção
Não vem no guia de turistas,
E vai ficar para sempre como um senão.


Abril.2012




Abril.2012