segunda-feira, 29 de abril de 2013


A Dança

A música em ritmo lento, solta-se no ar
Combinando os sons com o silêncio,
Chama-te devagarinho para o movimento,
E tu, despertas como num acordar pela manhã
Em que o Sol brilha e te convida a levantar,
Entregando-te ao divino momento.

A levantar para um sonho colorido,
Tudo brilha e se movimenta no ar,
Tu procuras o ritmo e danças comigo.
O céu está limpo, o Sol balança,
Duas aves dançam entre o arvoredo       
Todos entram nesta dança…
Todos comungam do mesmo segredo.

Não é só o ritmo, nem os passos,
Nem a música, que fazem a dança,
Mas a “Paixão” que vai na alma
De quem tudo se esquece
E se entrega ao prazer que alcança:
O coração palpita e aquece,
O tempo pára e surge a magia
Do movimentar dos corpos
A mais pura expressão do ser,
Liberta-se toda a rebeldia
E são momentos de puro prazer!


Maria Dias
Maio 2012


domingo, 28 de abril de 2013


O que me faz sorrir?
Um simples sorriso no ar
Um olhar meigo a me olhar
Uma flor a desabrochar
As ondas do mar
O Sol a nascer
O Sol a se esconder
A Lua a aparecer
Uma noite de luar
O amor quando paira no ar
O que me faz sorrir?
O que me faz sorrir
É poder sentir
A vida a acontecer!


Maria Dias
Outubro 2012

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Para o Boletim Arpic do mês de Maio enviei a minha Página:


O CANTINHO DA POESIA, PENSAMENTOS,  CONTOS E OUTROS…..

Maio, mês dos amores, mês das flores, mês do coração…


Cada coração é único, cada um é um mundo,
Cada coração sente à sua própria maneira
Uns mais leve, outros sentem mais profundo
E de uma forma mais completa, mais inteira.

Cada coração fala mais ou menos, do seu jeito
Cada um sofre em silêncio, a chorar ou a cantar,
Cada coração bate do seu modo junto ao peito
Mas todos, todos,  sentem e vivem para amar!


“Cada coração sente à sua maneira, mas o coração de mãe sente sempre de uma forma intensa e única.”

CONTO

O céu abriu-se e martelou a terra, bombardeando um tapete de poças silenciosas, como a memória bombardeia mentes silenciosas. A erva pareceu satisfeita no seu verde húmido…. A chuva começou a bater nas vidraças e o vento a assobiar com ritmo. Ela permaneceu sentada a olhar o vazio, as lágrimas escorriam-lhe por trás dos óculos e tremiam-lhe no queixo como gotas de chuva no beiral. Aquela dor doía-lhe bem fundo. O rosto parecia pedra, mas as lágrimas continuavam a rolar. O seu coração transbordava de saudade, uma saudade sem resposta e por isso se transformava num pequeno rio a brotar dos seus olhos.

Mas de súbito bateram à porta e ela ficou alguns segundos sem se mexer, sentia-se tão rigida que nem sabia se era capaz de se levantar. Voltaram a bater e então ela deu um salto e arrastou-se finalmente.

Com uma carta na mão, tremia dos pés à cabeça, hesitante entre o abri-la ou se sentar primeiro. E assim demorou mais uns minutos, trémula de hesitação, amedrontada pela expectativa do seu conteúdo. Sentou-se primeiro, acomodou-se, ajeitou os óculos, suspirou ….Entretanto a chuva parou, o vento amainou e os olhos dela secaram, na esperança de voltarem a sorrir.

Aquela carta, já aberta, tremia-lhe nas mãos, tanto que nem conseguia ver uma linha direita sequer…..e só quando o seus olhos poisaram naquela linha mais curta que as restantes, naquelas duas breves palavras…. ela conseguiu continuar a ler.

Lá fora a chuva tinha parado e até o Sol voltava a espreitar de encontro à janela. Um passarinho poisava e chilreava no parapeito da janela. O seu rosto já não estava rigido, porque dos seu lábios surgia agora um sorriso….Já conseguia ler tudo…mas o seu olhar ficava parado e deliciado apenas naquelas palavras mágicas:          “Amo-te mãe” !



Provérbios
Maio molhou, Maio enxugou.

Maio ventoso faz o ano formoso.


Maria Dias

Odeio amuos…
Prefiro argumentos,
Odeio recuos…
Prefiro conversa,
Discussão,
Evita sofrimentos
E alivia a tensão.

Fala em vez de calar,
Grita em vez de silenciar,
Discute em vez de amuar,
Só assim podes ultrapassar,
Controla o estado emocional
Para uma conversa normal!


Maria Dias
Setembro 2012

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Era uma vez….25 de Abril
Chegou a tão desejada Liberdade…
Aqui estamos para a celebrar,
Mas.. o sentido histórico dessa data
Não chega pra nossa tristeza matar,
Pelo País do presente, pla dura realidade
Criada pelos sucessivos (des)governos
Originada por tanta irresponsabilidade!

O cravo murchou, a Liberdade chora,
Onde estão os ideais da revolução?
O que queremos pois então?
Queremos outro País já, sem demora!


Maria Dias
Abril de 2012


segunda-feira, 15 de abril de 2013


A Velhice – Desabafo….


Há já algum tempo que venho assistindo à decadência dos meus pais, mas nestes últimos dias, tem sido demasiado forte e agressivo.

Mas hoje, ao acompanhar o meu pai às análises, é que, tanto eu como a minha irmã, nos apercebemos como a vida do meu pai está limitadíssima. Está muito debilitado, com oxigénio, e a logística de tudo isto, torna uma tarefa comum, numa coisa bastante difícil para ele e para quem o acompanha.

Já no hospital e enquanto esperávamos, tive uma visão de uma triste realidade, a qual, só quando somos confrontados com ela, nos apercebemos que existe e que nos rodeia. O meu pai sentado numa cadeira de rodas junto da minha irmã, a minha mãe sem perceber muito bem o porquê de tanta demora, sentada ao meu lado e a única coisa que a ouço dizer com algum sentido: “se não fossem vocês, que seria de nós” …. Olho para ela e dou comigo a pensar porque tem que ser assim?

E é neste momento que se aproxima outro casal idoso, ambos amparados por uma muleta, sentam-se ao nosso lado. Ele fica quieto de olhar vazio, perdido no tempo, ela tira e põe papéis dentro de uma pasta, acabando por se espalhar tudo no chão. Ajudei-a e ela carinhosamente só me dizia: chegar a esta idade só é bom quando se tem saúde…. Quando se passa a estar dependente, só nos faz sofrer…..

Há qualquer coisa na cedência das suas palavras, que denunciam o tempo…. Que me tocam tão profundamente que naquele momento senti um aperto tão grande, como se quisesse mudar o mundo e poder evitar que a velhice seja assim tão triste. Como é possível assistirmos à degradação humana? E, esta acontece, quando o ser humano se sente inferior às suas capacidades.


Maria Dias
15.Abril.2012

sábado, 13 de abril de 2013


O quanto pode significar um beijo
Uma chegada, uma despedida,
Ternura, amor, paixão ou desejo
O inicio ou o fim de uma vida.

Pode conter tristeza ou alegria
Fazer-nos rir ou até chorar,
Levar-nos nas asas da fantasia,
A ponto de fazer a alma voar.

O beijo pode ser doce ou picante,
Pode prender ou até afastar,
Conter açúcar ou só adoçante,
Mas quase sempre nos leva a amar!


domingo, 7 de abril de 2013


A velhice é uma autêntica tirania
Que proíbe, sob pena de morte,
Quase todas as coisas boas da vida,
Se houver saúde até é uma sorte.

A velhice faz-nos mais rugas
No espírito do que no rosto,
Entra-se num inverno prolongado
Provocando tristeza e desgosto

É dramático assistir ao abandono
Das forças outrora existentes,
É triste deixar o antigo trono
E passar a viver como ausentes.

Não quero assistir à degradação
De alguém que me é querido,
Faz-me doer no fundo do coração,
Ocorrem-me desejos sem sentido.


Maria Dias
Abril 2013




segunda-feira, 1 de abril de 2013


1 de Abril dia das mentiras
Antigamente chamado
o dia das “petas”
Dia dos tolos
Ou dia dos bobos.
Mas eu gostava
Porque pregava partidas
Aos amigos
Engraçadas e inocentes,
Eles ficavam crentes,
E eram sempre divertidas.
Os restantes dias do ano
Eram para ser levados a sério
Para sermos verdadeiros,
Mas tudo se perde,
E esses momentos derradeiros
Já não existem mais.
Antigamente,
Até as agências e os jornais
Publicavam a sua “mentira”
No dia 1 de Abril
Considerando o dia das mentiras
Uma brincadeira normal
E uma tradição anual.
Agora tudo acabou
Não sei se, por acharem
que vivemos num mundo
demasiado sério,
Ou se, porque já vivemos
com tanta mentira…..
Não queremos mais não.
E lá se acabou
A velha tradição
Da “peta” do dia 1 de Abril,
Agora ficam as mentiras
Dos outros dias, que são mais de mil….


Maria Dias
1 de Abril 2012