segunda-feira, 31 de julho de 2017


No outro dia, uma jovem jovem perguntou-me: " o que sentes em ser velha?

Fiquei surpreendida com a pergunta, já que nunca me senti velha. Quando a rapariga viu a minha reacção, ela pediu-me desculpa, mas expliquei-lhe que era uma pergunta interessante. 
E depois pensei, pensei que envelhecer é um presente.
Às vezes, surpreende-me a pessoa que vejo no meu espelho. Mas não me preocupo com ela há muito tempo. Eu não mudaria nada do que eu tenho para algumas rugas em menos e uma barriga plana. Não me crítica mais porque não gosto de arrumar a cama, ou porque não como algumas " coisas. 

Sinto-me finalmente no meu direito de ser desordenada, extravagante e passar as minhas horas contemplando as flores.

Eu vi alguns queridos amigos sair deste mundo, antes de desfrutar da liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem se importa se eu optar por ler ou jogar no computador até às 4 da manhã e depois dormir até quem sabe que agora?

Quem se importa se eu dançar sozinha ouvindo a música dos anos 50?

E se depois eu quiser chorar por um amor perdido?

E se eu andar na praia de roupa de banho, levar a passear meu corpo gordinho e me mergulhar entre as ondas deixando-me embalar, apesar dos olhares daqueles que ainda usam o biquíni, serão velhos também se tiverem sorte.

É verdade que através dos anos o meu coração sofreu pela perda de uma pessoa querida, mas é o sofrimento que nos dá força e nos faz crescer. 

Um coração que não se partiu, é estéril e nunca vai saber da felicidade de ser imperfeito. 

Estou orgulhosa de ter vivido o suficiente para fazer branquear o meu cabelo e para manter o sorriso da minha juventude, de quando ainda não havia sulcos profundos no meu rosto.

Ora, para responder à pergunta com sinceridade, posso dizer:
Eu gosto de ser velha, porque a velhice me faz mais sábia, mais livre!

Eu sei que não vou viver para sempre, mas enquanto estou aqui, quero viver de acordo com as minhas leis, as do meu coração. Não quero reclamar pelo que não foi, nem me preocupar com o que será. No tempo que resta, simplesmente amarei a vida como fiz até hoje, o resto eu deixo a Deus.

Sandra Benedita 


Era uma vez.... um rapaz chamado Coração
  
Toda a gente gostava daquele rapaz. Era tão querido -diziam uns, tão emotivo- diziam outros, mas que ele era um rapaz fraco, lá isso era, deixava-se levar com facilidade e disso todos concordavam.

Coração” era esse o seu nome, vivia uma vida simples, mas cheia de emoções. Não conseguia alhear-se das coisas, vivia-as com uma intensidade demasiado forte. Atraía sempre demasiados problemas, causando-lhe depois grandes sofrimentos.

Era um apaixonado por “Cabeça”, uma rapariga desenvolta e decidida. Ela sentia-se ligada a ele, mas de uma forma mais solta, nunca se sentia apaixonada, todavia não imaginava a vida sem ele.
Ela irritava-se muito por ele agir tão impulsivamente com tudo, já que ela não era nada assim. Ela conseguia pensar e decidir mais friamente como resolver os problemas.

Mas tinham admiração um pelo outro:
Ela invejava a capacidade que ele tinha de se deixar fascinar pelas pequenas subtilezas da natureza, pelas pequenas subtilezas das emoções, pelas pequenas subtilezas da vida.
Ele invejava a forma fria e concisa que ela tinha de encarar e ultrapassar os obstáculos constantes da vida.

Gozavam  momentos de um afecto fácil e de uma proximidade serena, que lhe recordavam constantemente que, embora diferentes, se completavam. E foi então que decidiram casar-se. Ela nunca na vida tinha virado uma página tão depressa, mas dessa vez deixou-se levar pelo Coração.

Todos achavam que não iria dar certo, por serem tão diferentes um do outro. E na verdade era mais o tempo em que pareciam o cão e o gato.

Ele sentia-se sempre em estado de paixão e amor, mas ela era tão racional e tão fria que não conseguia viver  esses sentimentos na sua plenitude.

Passados alguns anos tiverem uma filha a que deram o nome de “Razão”. Uma criança maravilhosa, que se tornou numa jovem sensata e determinada. Ela veio equilibrar a vida de ambos, proporcionando mais emoção à Cabeça e mais sensatez ao Coração.  
A Razão não entendia porque é que o pai se emocionava tanto com tudo:
- Oh Mãe, porque é que o pai chora quando está triste e também quando está alegre?
O pai emociona-se com facilidade, ele é mesmo assim – dizia-lhe a mãe: e nunca te podes esquecer disto:

“O teu pai é assim porque tem razões  que tu própria desconheces”


2016







quinta-feira, 20 de julho de 2017

A Amizade

Pudera eu ter o dom de um poeta
ou de um músico…
para poder colocar em verso e melodia
o sentimento da amizade…
Como eu gostava, como eu queria
poder defini-lo e transcrevê-lo
esse sentimento da verdade

A amizade é um sentimento
tão único e especial,
troca, amor, cumplicidade
é afecto, é respeito, é vital,

é carinho e honestidade

A amizade duplica a alegria
e divide as tristezas,
é uma completa melodia
que diminui as distâncias
fortalece as certezas
e ultrapassa todas as ânsias…

A amizade, sim, a amizade
é uma troca repartida
de uma cumplicidade,
é a doce canção da vida
é a poesia da eternidade




terça-feira, 4 de julho de 2017

Os baixinho chegam onde chegam os grandes

Os baixinhos chegam onde chegam os grandes, será mesmo?

Sou baixinha pois sou e então? Os meus pais perderam muito tempo com alguns detalhes e a pôr tudo no lugar e depois esqueceram de acrescentar o fermento. Deve ter sido isso mesmo.

Quando somos mais novas não tem importância, ah e tal  é mesmo uma boneca, tão gira.... depois o tempo passa e esses comentários escasseiam, até desaparecerem por completo..... 

Mas os baixinhos chegam  sempre onde chegam os grandes...ah sim claro, se tiverem um banquinho por perto, senão estão tramados..... 

Ah pois é, estão mesmo tramados....se vão a um concerto ou a qualquer espectáculo, ou ficam na frente ou então passam o tempo todo aos saltinhos ou a pôr a cabeça ora para a esquerda, ora para a direita, num desassossego que chegam a pensar “mais valia ter ficado em casa”

Se engordam mais um pouco, ficam umas bolas, se ficam muito magros, são uns enfezados.... não que me possa queixar porque estou entre os dois, mas sempre a pensar se um dia engordo muito, lá viro eu uma bolinha...se fosse alta talvez ficava um mulherão.

Se um homem alto anda com uma mulher baixa, até que disfarça, mas se for ao contrário lá vêm as piadas, algumas até grosseiras....

Bom o facto é que os homens não se medem aos palmos, medem-se em centimetros e as mulheres arranjam alguns centimetros extras nos saltos, agora os homens ficam mesmo em desvantagem.....





Junho 2017