quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ano,
Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
Fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
Se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
Vez com outro número e outra vontade de acreditar 
Que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você,

Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você, 
neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.

Desejos grandes e que eles possam te mover a cada
Minuto, rumo à sua FELICIDADE!!! "

Carlos Drummond de Andrade.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Equilibrio é habilidade
De saber olhar a vida,
Enfrentando a realidade,
E a partir da experiência vivida
Criar uma clara perspectiva,
Para na hora da verdade
Agir com alguma sensatez,
Porque o tempo não volta
O tempo passa de vez!

Maria Dias
2012



segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

NATAL É QUANDO UM HOMEM QUISER
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
O Natal é quando um Homem quiser!

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitros de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

ARY DOS SANTOS.

"Uns aprendem a andar. Outros
aprendem a cair. Conforme o
o chão de um é feito para o futuro
e o outro é rabiscado para a
sobrevivência."

Mia Couto

Mariza - Chuva (Concerto em Lisboa)







As coisas vulgares que há na vida

Não deixam saudades

Só as lembranças que doem

Ou fazem sorrir



Há gente que fica na história

da história da gente

e outras de quem nem o nome

lembramos ouvir



São emoções que dão vida

à saudade que trago

Aquelas que tive contigo

e acabei por perder



Há dias que marcam a alma

e a vida da gente

e aquele em que tu me deixaste

não posso esquecer



A chuva molhava-me o rosto

Gelado e cansado

As ruas que a cidade tinha

Já eu percorrera



Ai... meu choro de moça perdida

gritava à cidade

que o fogo do amor sob chuva

há instantes morrera



A chuva ouviu e calou

meu segredo à cidade

E eis que ela bate no vidro

Trazendo a saudade

domingo, 13 de dezembro de 2015

Natal tempo de renascer
Tempo de reflexão, de repassar um olhar em toda a nossa vida. É que neste Natal não quero essa pavorosa troca de artigos que não se abrem em solidariedade. Não quero saber de cartões a granel, vazios de originalidade. Não quero mais amarguras familiares que se guardam como lixo debaixo do tapete, as ambições que têm asas, mas não voam, Quero sim, evocar as recordações mais ternas: o cheirinho, um abraço terno, partilha...
“Que em cada um de nós possa nascer ou renascer o poder de amar”
“Que em cada um de nós haja o desejo de partilha”


Muitas vezes basta
Ser colo que acolhe,Braço que envolve
Lágrima que corre,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que comove.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015


Leonard Cohen ~ Dance Me To The End Of Love




A música em ritmo lento, solta-se no ar
Combinando os sons com o silêncio,
Chama-te devagarinho para o movimento,
E tu, despertas como num acordar pela manhã
Em que o Sol brilha e te convida a levantar,
Entregando-te ao divino momento.

A levantar para um sonho colorido,
Tudo brilha e se movimenta no ar,
Tu procuras o ritmo e danças comigo.
O céu está limpo, o Sol balança,
Duas aves dançam entre o arvoredo       
Todos entram nesta dança…
Todos comungam do mesmo segredo.

Não é só o ritmo, nem os passos,
Nem a música, que fazem a dança,
Mas a “Paixão” que vai na alma
De quem tudo se esquece
E se entrega ao prazer que alcança:
O coração palpita e aquece,
O tempo pára e surge a magia
Do movimentar dos corpos
A mais pura expressão do ser,
Liberta-se toda a rebeldia
E são momentos de puro prazer!

Maria Dias

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Aqui está o meu segredo. É bem simples:  SÓ COM O CORAÇÃO é que conseguimos ver claramente. O essencial é invisível aos olhos.

Antoine de Saint-Exupéry

O Principezinho


Dia internacional/Nacional dos Direitos Humanos



“Os Nossos Direitos. As Nossas Liberdades. Sempre” os direitos inalienáveis a cada cidadão e a necessidade de um empenhamento contínuo no sentido de os respeitar.



O que me entristece é que, cada vez mais, são os próprios humanos que menos se respeitam a si próprios, desrespeitando-se uns aos outros.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

“Dizemos que a solidão é estarmos sozinhos, mas a solidão é uma presença fortíssima de nós próprios nas coisas que nos rodeiam. Olha aqueles vasos na varanda despidos de plantas, olha as almofadas desarrumadas em cima do sofá, olha a fotografia de família na cómoda junta da cama, olha a cama e o espaço sem ninguém, os lençóis franzidos, tudo isto somos nós, tudo isto respira a nossa respiração e é dotado dos nossos sentimentos, por isso nunca estamos sozinhos, quando muito estamos cheios de nós, e é isso que a solidão faz, enche tudo com a nossa presença e, se acaso nos apanha melancólicos ou derrotados, então tudo é melancolia e derrota, sem mais ninguém para dotar as coisas de uma outra cor.”


João Tordo

O paraíso segundo Lars D.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, no dia 8 de dezembro de 1894, faleceu em Matosinhos no dia 8 de dezembro de 1930. Batizada como Flor Bela Lobo, optou por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade.
*
A Vida
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés d'alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo donde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia...
A gente esquece sempre o bem dum dia.
Que queres, ó meu Amor, se é isto a Vida!...
Florbela Espanca, em "Livro de Sóror Saudade"


A propósito do artigo abaixo, lembrei-me deste poema feito em 2013:

Ter connosco próprios uma relação
É muito importante nas nossas vidas
E quer nós acreditemos, ou não,
Só depois de nos aceitarmos
Como seres individuais,
Conseguimos estar prontos
Para uma relação a dois,
A solidão é aquele tempo
Que no agora e no depois
Nos leva e convida
Para aquele momento
Aquele instante da vida
De enfrentar o nosso Eu
E entender o sofrimento
Em que o mundo é meu,
Só assim nos preparamos
Só assim nos superamos,
Só assim nos encontramos
Para em equilíbrio escolher
O caminho a percorrer!







Basta de relações tóxicas!

Muitas vezes, preferimos estar mal acompanhados do que sós. Na verdade, estamos sós ao estarmos mal acompanhados. Basta de relações tóxicas!
Texto de Carlos Daniel Barros • 07/12/2015 - 16:44
É um tema sempre presente e polémico: porque é que tanta gente continua a ter relações amorosas que, na verdade, são tóxicas? Na maioria dos casos a resposta é: temos medo de ficar sozinhos. Vejamos.

A solidão está longe de ser uma problemática que se associa à terceira idade, como geralmente se pensa. Planta-se cada vez mais aqui e ali, sobretudo num contexto cada vez mais individual, de competitividade, com o tempo voltado para o trabalho (ou procura dele) e com um sentimento sôfrego de que temos de estar desapegados de tudo e de todos porque a rotação exacerbada da sociedade assim o exige, para que tenhamos mobilidade.

Assim, a solidão ataca jovens, adultos, idosos e, de uma maneira ou outra, torna-se um flagelo crescente. Neste contexto de medo das alterações e perdas bruscas, vão surgindo relações amorosas que parecem, de alguma maneira, preencher o vazio emocional e repor alguma segurança por se ter um porto seguro, mesmo que aparente. Então surge o problema: muitas não são minimamente pensadas e verificam-se como relações de domínio, onde se manifestam sentimentos de posse, sem análise mútua de compatibilidade de valores e planos de vida e, por fim, com base no dogma clássico de que alguém, para ser feliz, precisa, inevitavelmente, de ter alguém a seu lado.

Mentira. São apenas valores culturalmente veiculados; podemos ser felizes com alguém, mas podemos muito bem ser felizes sozinhos. Desconstruamos os mitos que nos foram transmitidos de que, só aos pares, é que a vida funciona. Não! Funciona à unidade, aos pares e seja como for, desde que os intervenientes se sintam felizes. Isto de se ser feliz, seja na forma que for, combate implacavelmente a solidão. Mas não haverá nada melhor do que estarmos bem na nossa própria pele. A felicidade também não reside no isolamento numa gruta, mas talvez em sairmos dela ao encontro de pessoas porque temos capacidade para dar e receber amor e não apenas porque nos sentimos mais seguros com alguém ao lado.

A toxicidade de se viver relações que nos fazem mal mas que nos dão a ideia de comodidade emocional, são – metaforicamente – tão tóxicas quanto a poluição atmosférica: vivemos com ela, sabemos que existe mas, mais tarde ou mais cedo, vamos sofrer as consequências.

Liberdade e amor, para connosco próprios.

domingo, 6 de dezembro de 2015

"Há duas palavras que não se podem usar: uma é sempre, outra é nunca"

 José de Sousa Saramago 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pena que os "mais ocupados" não tenham tempo para ler este artigo, mas mesmo assim partilho...
São muitas as desculpas que temos para viver sem tempo e ninguém pára para pensar que esse tempo, 
que dizemos que não temos, é tempo de vida que perdemos. Se não temos tempo, é porque é tempo de
repensar o tempo.





Vivemos num tempo de aceleração. Tudo se passa a correr e cada vez mais queremos que as coisas sejam rápidas. Arranjamos artefactos que nos permitam ser rápidos, sempre com a desculpa que somos muito ocupados. Cada um de nós se acha o mais ocupado, o mais atarefado (é ou não é verdade?). Se trabalha é porque trabalha, se está em casa é porque está em casa, se tem um filho único é porque tem um filho único, se tem três é porque já são tem três. Se tem um horário é porque tem um horário, se não tem um horário  é porque não há uma rotina. Se vai à ginástica é porque vai à ginastica,se não vai à ginástica é porque nem sequer tem tempo de ir à ginástica.
Enfim, são muitas as desculpas que temos para viver sem tempo. E então, a sociedade acelera para acompanhar os ritmos das pessoas, tornando tudo alucinante e impessoal.  Compra-se tudo feito. Os carros andam rápido. E as coisas, ou estão há distância de um clique ou é já uma “perda de tempo”. Está-se meses sem estar com os amigos. E a desculpa é sempre a mesma: ” Estou muito atarefada” ” Estou exausta” “Ando sempre a correr”.
E ninguém abranda. E ninguém pára para pensar que esse tempo, que dizemos que não temos, é tempo de vida que perdemos.
Vamos vivendo o dia a dia atropelados em tarefas, sempre com o mesmo discurso. Mas, se não temos tempo, é porque é tempo de repensar o tempo. De dizer chega, de voltar ao tempo onde nos sentávamos à mesa, nos juntávamos ao fim de semana. Que escrevíamos cartas (ou até mesmo que falávamos ao telefone sem ser para dar um recado mas para saber verdadeiramente do outro).
Temos de perceber que não nos devemos orgulhar de não ter tempo, mas pensar o que podemos fazer para voltar a ter tempo. Porque quando isto chegar ao fim vamos olhar para trás e  dizemos: passou a correr e ouve tanta coisa que eu não vi.
Não aprofundamos relações, não conseguimos ESTAR com o outro. Já ninguém faz um telefonema para dar os parabéns no aniversário de um amigo. Deixa uma mensagem no facebook.
Já ninguém manda um cartão de boas vindas a um bebé acabado de nascer. Faz um gosto no Instagram. Até responder a um mail se tornou complicado “desculpa, não tive tempo de responder…”
O nosso saber também ele está a ficar contaminado com este ritmo pois aquilo que acreditamos é aquilo que nos impingem aqui ou ali, que lemos transversalmente numas letras gordas numa qualquer rede social e torna-se verdade absoluta. Concordamos e, em vez de investigar, partilhamos com o mundo esse tal saber que nos pareceu fazer sentido. E assim se torna uma asneirada viral (ou uma asneirada total).
E assim lá vamos andando nós, muito depressa, desatentos e desfocados sem certezas de nada, mas com a certeza absoluta que somos mesmo muito ocupados.