domingo, 30 de dezembro de 2012

O céu então salpicado de nuvens
E eu a desvendar as suas formas
Entre caminhos e entre miragens
Vejo que se afastam sem normas

Descanso os olhos na natureza
Vagueando por aqui e por ali
De tudo e de nada tenho certeza
Sòmente daquilo  que já vivi

As nuvens nada receiam
Movendo-se soltas, vagas
Apressam-se e se afastam
Percorrendo as azinhagas

Unem e desunem seus braços
Arrastando nossos pensamentos
Cumplices, preenchem espaços
Exaltando nossos sentimentos

Seguindo o rumo do vento
Também me cativam o olhar
E assim envolvida no momento
Fico quieta e pronta a divagar!


Maria Dias
Dezembro 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Mais uma página do calendário
Que está quase a virar
Só resta ficar  solidário
com o Ano que vai chegar

De repente num instante fugaz
Os fogos de artificio vêm predizer
Que o Ano Velho fica para tràs
E que o Novo Ano está a nascer

As taças se cruzam num tchim tchim
E embriagados de sentimentos
Formulamos votos num fernezim
Só desejando bons momentos

Entre abraços calorosos
queremos os sonhos realizados,
e ficamos todos ansiosos
dos nossos desejos alcançados

A  mim resta-me desejar
A todos nós em união
Que juntos possamos cantar
A mesma canção

Canção de Paz e Amor
Força para a crise superar,
Brindemos com louvor
Ao Ano que vai chegar!


Maria Dias
Dezembro 2012


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Esta imagem trouxe-me à lembrança a inocência de uma criança, por isso aqui recordo um poema sobre a inocência:

A inocência é uma criança
De mãos abertas para o mundo,
Com olhar de esperança
E com um amor profundo.

É a doçura na relação humana
Falar sem pensar, amar sem restrição,
É fruto da inocência que dela emana,
É possuir um mundo de imaginação.

Na inocência de uma criança
Há tanta esperança a nascer,
Tanto carinho e confiança,
Vontade e razão de viver.

Pleno mar de ternura
Olhos cheios de candura
De uma inocência sem fim,
Ah como sinto saudades
Daquela criança em mim!


Maria Dias
Maio 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Conto de Natal
Um amigo para sempre…

Estava sentada à mesa do pequeno-almoço, pensativa, olhando para lá das portas envidraçadas e segurando na chávena fumegante entre as mãos, como que para as aquecer. A pensar inexoravelmente numa saida para os problemas, encarando a vida como um estranho enigma por resolver. E agora com o Natal a chegar, ainda sentia mais a sua solidão. Faltava-lhe as forças para encarar as coisas que a faziam sofrer. Algo se agitou dentro de si.
Uma formiga ziguezagueava pelos braços da cadeira. Com um brusco piparote fê-la levantar voo. Ao mesmo tempo que fez este gesto, algo caiu no chão. Foi a jarra  que estava em cima da mesa com um desajeitado arranjo de flores já quase murchas. Paciência, queria lá saber…. Precisava era de respirar ar fresco. Depois de tantos dias de chuva, tinha que aproveitar o Sol que agora aparecia.

Saíu apressada, mas sem saber onde ir…..a brisa acariciava-lhe o rosto, cresceu-lhe um ligeiro rubor…mas sob esse rubor havia ainda palidez, uma tristeza instalada. Vagueou pelas ruas estreitas até chegar ao jardim, onde se sentou pensativa….
O cheiro da erva aquecida pelo Sol enchia o ar. O que ela mais desejava era não sentir-se assim tão só, tão perdida na vida….. mas também não queria falar com ninguém, por isso despiu os seus pensamentos de palavras, recostou-se e fechou os olhos. Deixou que o seu pensamento divagasse por entre as recordações…

Pensamentos que perduravam ainda nas margens da sua consciência nessa manhã quando, se apercebeu dos passos saltitantes na sua direcção sobre a erva à altura do tornozelo. Abriu os olhos e viu ali parado um cãozinho a olhar para ela, com um olhar tão meigo. Ela não sabia o que aquele olhar queria dizer, mas quando ele se encostou às suas pernas, se sentou e olhou para ela com um olhar suplicante e tão doce, ela teve a certeza que ele também estava só como ela….que procurava companhia e carinho.

Tinha um ar tão dócil e ali ficou à espera que ela lhe fizesse algum gesto. Ela por momentos, esqueceu tudo e acariciou o cãozinho que abanava o rabo tão contente, com olhar suplicante, como se quisesse dizer-lhe “leva-me contigo”.

E foi isso que ela fez, levantou-se e nem foi preciso dizer nada, porque ele a seguiu, bem juntinho a ela, saltitante de alegria. A sua intuição dizia-lhe que arranjara um amigo para sempre. Já não estava só no Natal. E por mais estranho que possa parecer, sentiu que os seus problemas se tornavam agora mais leves…


Maria Dias
Dezembro 2012


domingo, 16 de dezembro de 2012


Um olhar….

Sorriu, tentando concentrar-se de novo nas chamas alaranjadas e no calor simples e agradável do braço dela. O cabelo tinha um cheiro maravilhoso. Ele teve a impressão de que poderia perder-se nele para sempre.

Permaneceram em silencio, lado a lado, na penumbra durante alguns minutos.

E ali estava outra vez, ou pelo menos um delicioso laivo, aceso nos olhos dela. E, nisto, ela virou-se um pouco de lado para a janela e a luz cinzenta ensombrou-lhe o semblante.

Sentou-se ao lado dela e fitou, sem ver, a panorâmica de montes e vales. Ela agarrou-se ao braço dele, encostando-o ao seu corpo. Ele sondou-lhe o rosto. Não encontrou palavras que captassem aquilo que estava a ver. Era como se todo o esplendor daquela paisagem se reflectisse na expressão dela e o esplendor da expressão dela se reflectisse na paisagem….


Maria Dias
Maio 2012
Um olhar…
Apenas um olhar,
Através de um olhar,
Tudo se pode revelar
Mesmo sem falar.

E quando a boca mente,
O olhar,  esse desmente,
Envergonhadamente,
Descaradamente.

A alma abre a janela
E através dela,
Tudo se revela
Com, ou sem cautela.

E mesmo sem mentir,
A essência do sentir,
Vai-nos transmitir
O que não podemos ouvir.

Basta aquele olhar
Basta o silêncio ímpar!


Maria Dias
Agosto 2012


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



Quero Acreditar

Quando me acontece alguma contrariedade na minha vida, passado o primeiro impacto, tenho sempre a mania de pensar “porque será que isto está a acontecer”, e se não consigo no momento, ver nada de positivo na ocorrência, penso: “ah por certo que agora ainda não entendo, mas que por alguma razão em especial,  vai ser positivo mais tarde. E é aí que vou buscar forçar, tem sido sempre assim… e creio que irá continuar assim até que eu viva.
Por isso eu “quero” pensar mais uma vez, que esta crise que atravessamos e que será ainda pior  no próximo ano, quase a bater-nos à porta, e mesmo estando consciente que vai ser bem dificil para todos, “quero” acreditar que nos trará, talvez não a curto prazo,  algo positivo para todos nós em termos de mudança de consciências, que consigamos mudar a nossa maneira de agir e viver, acreditando mais nos valores que se têm perdido nesta sociedade de consumo.
O mundo há anos fechado aos sentimentos humanos, em que o dinheiro assumiu uma importância tal, que gerou só ganância, predominando a corrupção, que deu ao homem a posse de tudo, menos valores humanos, chegando à exaustão como uma lente através da qual já não se consegue observar um mundo sem que seja como um fracasso.
Mas ainda “quero acreditar” que esta crise seja uma fase, deixando o passado para trás e o futuro acontecer. Seguir em frente com coragem. Coragem é seguir caminhos perigosos. A vida é perigosa. Mas só os covardes podem evitar o perigo e aí já estão mortos.  
E ainda “quero acreditar” que este seja um passo para um mundo melhor!


Maria Dias
Dezembro 2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

E foi mais um momento bonito do espectáculo "Boa Noite Amor" em que o João Borges Oliveira deu vida às minhas palavras.