quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Quem disse que a idade está na cabeça? (Parte 2)
Pois é, a idade está
na cabeça, é o que dizem, não é? eu continuo a pensar que, às vezes, aliás a maior
parte das vezes, o corpo é que manda.
Na verdade não penso
muito na minha idade e já tenho dado por
mim a fazer contas quando tenho que preencher algum documento, isto porque, quando
era jovem achava que me sentiria uma velha com esta idade e não sinto mesmo....
se bem que....há situações em que nos apercebemos que não é bem assim e que não
há volta a dar.
Ainda ontem, cá em
casa, foi uma cena de filme, uma comédia
ou um drama, tudo depende da perspectiva; podendo se resumir por aquela frase “não
sei é para rir ou para chorar”.
De braço ao peito
(quem mandou cair e partir o pulso, ainda por cima no fim de semana de aniversário de casamento)
e agora super engripada, farta de estar na cama, resolvo esticar-me no sofá,
tarefa nada fácil..... não esquecer os objectos precisos para não levantar tão
cedo, sim tudo à mão, telemóvel, comando da televisão, óculos, lenços, posso
arranjar as almofadas e puxar da manta....ah sossego e conforto, boa
alternativa à cama sim.
Logo de imediato toca
o telefone, pois o fixo, que esqueci de trazer para junto de mim.
Levanto-me de um
salto, para não importunar o marido que está na cama, ainda mais engripado que
eu, ainda naquela fase de dormir, delirar, dormir. Bom, estive ao telefone algum tempo e mal
desliguei tentei acomodar me de novo, uma cena tão fácil mas que se tornou em
algo bem complicado...
Almofadas daqui e
dali, tapa os pés e pernas com a manta, comando, o pingo ai o lenço, o telemóvel,
agora também fica aqui o fixo, está tudo creio, posso ver o filme ....ups mensagem
a piscar, agarro no telemóvel e não vejo nada...e agora onde estão os óculos?
Tão bem acomodada e
ter de me levantar de novo. Corro tudo à procura dos óculos, até a mão na
cabeça ponho, não seria a primeira vez....
Quero ler e responder
à mensagem, os óculos nada.... bom vamos à lei do desenrasca, vou ao quarto
buscar uns óculos que por lá estão, ah
bolas não dão, então vou ao saco do ginásio onde tenho um daqueles da farmácia
só para uma emergência e finalmente consigo ler e responder à minha prima, que
se riu com a situação.
E acabo por descobrir
que, aquele tempo em que tirava os óculos para ler e ver ao perto “melhor”,
já era, acabou. Agora ou tenho os óculos prontos ou fico às escuras. Levanto a
cabeça e olho para a televisão e reconheço que não vejo a imagem com clareza,
que diabo agora também preciso de óculos para ver ao longe? Isto já ultrapassa
aquela fase de óculos para ler, que até dá um certo charme.
Então dou comigo a
experimentar os óculos que trouxe do quarto e a olhar para a televisão, olha
funcionam. E eis que começa a maratona: põe óculos para conversar com a prima no msgr, tira os óculos
e põe os outros para ver a televisão... plim, plim ela escreve qq coisa, tira
óculos de ver a televisão e põe óculos para ler a mensagem, e assim
sucessivamente durante uns escassos minutos, mas que foram suficientes para
ficar cansada, com a cabeça à roda e vontade de ir à casa de banho.
Tão bem acomodada que
estava agora, mas tenho de me levantar e ai vou eu à casa de banho, a
refilar pelo caminho...
Quando regresso olho
para o outro sofá e vejo os meus óculos, bem à vista.... dizem que elas não
existem, mas...
Volto a pegar em tudo
que tenho de ter à mão e tento acomodar-me de novo, tarefa difícil, para mais
agora com mais um par de óculos.....
Quando o marido vem à
sala julga que está a delirar porque vê a sua doida mulher, embrulhada nas
mantas, comandos e telemóvel e rodeada de óculos e isto tudo só com uma mão,
safa, nem doente e maneta ela sossega ....
E é isto, a minha
cabeça bem quer ser jovem, mas depois o corpo não deixa!
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