sexta-feira, 26 de julho de 2013

Não tive ainda o privilégio de saborear aquele sentimento que os avós sentem pelos seus netos, de qualquer modo queria partilhar o texto lindo que acabei de ler de Rachel de Queiroz, escritora brasileira:

A Arte de Ser Avó
“Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus.

Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimónio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...

Quarenta anos, quarenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não a incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações - todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.

Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências.

A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda. (…)

(…) E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é "devolvido".

E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.(…)

(…) Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó?

Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague...”

sábado, 20 de julho de 2013

A Amizade

Pudera eu ter o dom de um poeta
Ou de um músico…
Para poder colocar em verso e melodia
O sentimento da amizade…
Ah como eu gostava, como eu queria
Poder defini-lo e transcrevê-lo
Esse sentimento da verdade.

A amizade é um sentimento
Tão único e especial,
Troca, amor, cumplicidade
É afeto, é respeito, é vital,
É carinho e honestidade.

A amizade duplica a alegria
E divide as tristezas,
É uma completa melodia
Que diminui as distâncias
Fortalece as certezas
E ultrapassa todas as ânsias...



A amizade, sim, a amizade
É uma troca repartida
De uma cumplicidade,
É a doce canção da vida
É a poesia da eternidade!



Maria Dias

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Hoje é o aniversário de Nelson Mandela, um exemplo para a humanidade. Recordo algumas frases do grande homem que transformou a história da África:

"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."

"Você não é amado porque você é bom, você é bom porque é amado."

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Sol não nasce só para ti
O rio não corre só para ti
O mar não te abraça só a ti
Os pássaros não cantam só para ti
As flores não desabrocham só para ti
A manhã não se espreguiça só para ti
O entardecer não brilha só para ti
O anoitecer não te envolve só a ti…
Por isso, quando a dor
Te causar sofrimento
Lembra-te, não chega só a ti
Reparte-se num movimento
Espalhando-se aos poucos,
Passa por mim, por ti
Por nós, alcançando outros
E atingindo todos.



Maria Dias
Amei-te demais, para não te odiar,
Talvez porque o amor e o ódio
São irmãos na paixão,
Queria continuar a amar-te
Abrir-te o meu coração
E não mais odiar-te.

Deixei o passado para trás,
E deixei o futuro ser,
Quis mais e mais, aliás
Deixei o futuro acontecer.
Segui os caminhos do coração
Caminhos de coragem,
Esqueci os caminhos da razão
Para enfrentar uma viragem.

A vida é mesmo um risco
E o coração está sempre pronto
Para os riscos enfrentar,
A vida é amor, é confiar
E se não estamos mortos
Desejamos lutar,
Não mais odiar,
Desejamos apenas amar!

Maria Dias

domingo, 14 de julho de 2013



Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos.

Mia Couto, do poema "Confidência"

terça-feira, 9 de julho de 2013



Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida…
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome…Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia,o meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é…Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de… Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é… Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama… Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é… Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a… Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é…Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é… Saber viver!!!
Charlie Chaplin

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Filho Perdileto

FILHO PREDILETO
Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido,
aquele que ela mais amava.
E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu: 
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe. 
E, como mãe, lhe respondo: o filho dileto,
aquele a quem me dedico de corpo e alma...
É o meu filho doente, até que sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
O que estuda, até que aprenda.
O que está com frio, até que se agasalhe.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que os crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que cale.

E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou:
O que já me deixou...
...até que o reencontre...
(Erma Bombeck)