terça-feira, 29 de maio de 2012


Não te importavas que apagasse o nosso passado?
Que afastasse dos meus pensamentos tudo o q vivemos,
Que esquecesse tudo, mas tudo o que foi idealizado,
Que nos afastassemos como se não nos conhecessemos?

Às vezes penso que não te importavas, e eu também não,
Mas a vida desenha-se continuamente e sem borracha,
E verificamos que tudo o que foi traçado não se pode apagar
Tudo o que foi vivido existiu e continuará a existir, e então
Seja a nossa vida uma quimera, ou mesmo uma laracha
Vai ficar para sempre e eternamente nos acompanhar!

Talvez tenha sido uma questão proferida sem pensar
Palavras que ecoam ainda nas margens da consciência,
É preciso abrir os olhos e perceber as coisas boas dentro de nós,
Os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão,
O importante é aproveitar o momento e aprender a sua duração
Pois a vida está nos olhos de quem sabe ver e ter insistência!

Maria Dias
Maio 2012



domingo, 27 de maio de 2012


Um olhar….

Sorriu, tentando concentrar-se de novo nas chamas alaranjadas e no calor simples e agradável do braço dela. O cabelo tinha um cheiro maravilhoso. Ele teve a impressão de que poderia perder-se nele para sempre.

Permaneceram em silencio, lado a lado, no escuro durante alguns minutos.

E ali estava outra vez, ou pelo menos um delicioso laivo, aceso nos olhos dela. E, nisto, ela virou-se um pouco de lado para a janela e a luz cinzenta ensombrou-lhe o semblante.

Sentou-se ao lado dela e fitou, sem ver, a panorâmica de montes e vales. Ela agarrou-se ao braço dele, encostando-o ao seu corpo. Ele sondou-lhe o rosto. Não encontrou palavras que captassem aquilo que estava a ver. Era como se todo o esplendor daquela paisagem se reflectisse na expressão dela e o esplendor da expressão dela se reflectisse na paisagem….


Maria Dias
Maio 2012


O teu corpo incendeia-se de paixão
Com o teu cabelo a esvoaçar ao vento
Formando anéis de raros diamantes
Abro-te finalmente o meu coração
E tornamo-nos verdadeiros amantes

Amantes loucos de paixão e desejo
Com ânsias de prolongar o momento,
Deixa-me olhar-te e sentir o que vejo
Guardar para sempre este sentimento

Os meus dedos percorrem o teu corpo
Para guardar na memória os seus traços
Porque estes momentos sabem a pouco
E eu quero perder-me nos teus braços


Maria Dias
Maio 2012

sábado, 26 de maio de 2012


A coragem é a capacidade
De confrontar o medo,
A dor, o perigo, a incerteza
Ou a intimidação
É o enfrentar os desafios
Abrindo o coração
Com confiança e sem tristeza.
O medo pode ser constante,
Mas quando se tem coragem
O impulso o leva adiante.
Em momentos dificeis e de temor
É o que faz viver lutando
Para ultrapassar qualquer dor
Os problemas enfrentando.
É a força positiva para combater
Momentos tenebrosos da vida
E só assim se consegue vencer!

Maria Dias
Maio 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Eu e a minha sombra
Sempre fomos almas gémeas
Para onde vou, vai ela também
O que sou, ela é, o que tenho, ela tem.
Ela revela o meu ego mais sombrio,
Ela faz-me medo porque, se aparece,
Ameaça a minha imagem aceitável,
Me aflige e até me endoidece,
Mas não posso livrar-me dela,
Do meu Eu é parte indissociável!


Maria Dias
Maio 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012


O ameno clima primaveril mudou nessa tarde.
As nuvens, que de manhã se tinham revelado
Pequenos fiapos de algodão, dignos de um postal,
Escureceram,
Os pássaros calaram-se e fugiram da época estival,
O ribombar premonitório de uma trovoada fez-se ouvir
O entardecer apareceu mais cedo, as nuvens essas
Endoideceram,
E o céu comecou a roncar e acabou a aplaudir

Ela queria fugir dali, queria fugir à tempestade
Não teve tempo,  a chuva começava a cair,
Mas em vez de gotículas de água, na verdade
Era uma chuva de pétalas de flores…
O ar repleto de cheiros intensos e perfumados
Era um espectáculo de muitas cores,
Os campos estavam todos iluminados

De repente um mundo imaginário…
As flores caídas sobre a erva fragmentavam
O Sol em centelhas de carmim,
A beleza e a paz se aliavam,
O assalto aos sentidos feito assim,
Despertou nela algo vindo da infância
Quando aquele cheiro lhe inspirava
Alegria, Amor, Paz e Segurança!



Maria Dias
Maio 2012



Quando o meu olhar
se cruza com o teu
E o silêncio permanece
Os dois subimos ao céu
E o amor acontece…

Afastamos os pensamentos
E assim muito juntinhos
Fugimos por momentos,
Envolvemo-nos naquele abraço
E na permuta de carinhos…

É um abraço que afaga,
Um olhar que acaricia,
Uma alegria que contagia,
Um Amor que se propaga
E um desejo que sacia


Maria Dias
Maio 2012





domingo, 20 de maio de 2012


Estava sentada à mesa do pequeno-almoço, pensativa, olhando para lá das portas envidraçadas e segurando na chávena fumegante entre as mãos, como que para as aquecer. A pensar inexoravelmente numa saida para os problemas, encarando a vida como um estranho enigma por resolver. Faltava-lhe as forças para encarar as coisas que a faziam sofrer. Algo se agitou dentro de si.
Uma formiga ziguezagueava pelos braços da cadeira. Com um brusco piparote fê-la levantar voo. Ao mesmo tempo que fez este gesto, algo caiu no chão. Foi a jarra  que estava em cima da mesa com um desajeitado arranjo de flores já quase murchas. Paciência, queria lá saber…. Precisava era de respirar ar fresco.

Saíu apressada, mas sem saber onde ir…..a brisa acariciava-lhe o rosto, cresceu-lhe um ligeiro rubor…mas sob esse rubor havia ainda palidez, uma tristeza instalada. Vagueou pelas ruas estreitas até chegar ao jardim, onde se sentou pensativa….
O cheiro da erva aquecida pelo Sol enchia o ar. O que ela mais desejava era não sentir-se assim tão só, tão perdida na vida….. mas também não queria falar com ninguém, por isso despiu os seus pensamentos de palavras, recostou-se e fechou os olhos. Deixou que o seu pensamento divagasse por entre as recordações…

Pensamentos que perduravam ainda nas margens da sua consciência nessa manhã quando, se apercebeu dos passos saltitantes na sua direcção sobre a erva à altura do tornozelo. Abriu os olhos e viu ali parado um cãozinho a olhar para ela, com um olhar tão meigo. Ela não sabia o que aquele olhar queria dizer, mas quando ele se encostou às suas pernas, se sentou e olhou para ela com um olhar suplicante e tão doce, ela teve a certeza que ele também estava só como ela….que procurava companhia e carinho.

Tinha um ar tão dócil e ali ficou à espera que ela lhe fizesse algum gesto. Ela por momentos, esqueceu tudo e acariciou o cãozinho que abanava o rabo tão contente, com olhar suplicante, como se quisesse dizer-lhe “leva-me contigo”.

E foi isso que ela fez, levantou-se e nem foi preciso dizer nada, porque ele a seguiu, bem juntinho a ela, saltitante de alegria. A sua intuição dizia-lhe que arranjara um amigo para sempre. E sentiu que os seus problemas se tornava agora mais leves…


Maria Dias
Maio 2012

sábado, 19 de maio de 2012


“ENVELHESCENTE”                                               

Ao ler um artigo que achei excelente,
descobri que sou “Envelhescente”

Envelhescência é aquela fase da vida
Que vai desde os quarenta e muitos,
Talvez dos quarenta e cinco
Até aos sessenta e muitos
Talvez até aos sessenta e cinco.

É uma espécie de geração entalada  
entre a idade adulta e a velhice,
como a adolescência já passada
Uma fase que “às vezes” é uma chatice.

Talvez seja por ambas
serem fases de transição,
que a adolescência
tem tanta coisa em comunhão
com a envelhescência.

Se a adolescência é um estágio
para se passar a adulto,
a envelhescência é como presságio
para nos tornarmos velhos

Alguém que não viva intensamente
a sua adolescência,
será seguramente
um adulto infeliz e mal formado.
Alguém que não aproveite bem
a sua envelhescência,
será certamente
um velho casmurro e inconformado.

O adolescente revolta-se porque
os outros o consideram criança
e ele sente-se  “já maduro”.
O Envelhescente rebela-se
porque os outros acham que é velho
e ele sente-se, “apenas maduro”.

Tal como a adolescência,
a dita envelhescência
vem acompanhada de grandes
transformações. 
Fisicamente, na adolescência tudo é força e quantidade.
O corpo cresce e fortalece, os músculos tonificam,
a energia não pára de crescer e a libido explode.
Na envelhescência, a opção é pela gestão e pela qualidade.
A pele ganha rugas, protegemo-la.
Os cabelos embranquecem, aproveitamos para dar um
toque de “classe”.
A visão torna-se menos nítida, usamo-la melhor.
Os músculos enfraquecem, orientamos melhor as energias.
O sexo já não é em quantidade,
Mas melhora em qualidade.

Psicologicamente, as alterações não são menores.
A adolescência traz a ânsia de liberdade
e a pressa em conquistar tudo.
Provoca a rebeldia, a ansiedade  
e a vontade de mudar o mundo.
“Não há estrelas no céu a dourar o seu caminho”

A Envelhescência transporta consigo a
angústia de estar próxima da velhice,
mas também a segurança de quem já passou por quase tudo.
Traz o “bom senso” e o “dar tempo ao tempo”,
mas também o desejo de aproveitar
intensamente cada minuto.
Provoca o conforto das rotinas,
mas também o gosto por viver novas aventuras.  
Origina o respeito pelo que nos espera
“a velhice” mas que procuramos evitar
Também é uma idade de contradições…
“Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover”.

Profissionalmente,
a envelhescência é, por tudo isto,
a fase em que as pessoas maior contribuição podem dar.
Fisicamente,
mesmo menos fortes e rápidos, aprenderam
a gerir melhor as suas energias e ficaram mais resistentes.
Psicologicamente,
possuem a segurança de quem já fez
e a abertura de quem sabe
e que ainda tem muito para aprender.
Emocionalmente,
apresentam o desejo de explorar ao máximo cada momento
e o desejo de deixar a sua marca e vencer.

Estranhamente, a sociedade em que vivemos
transmite a estas pessoas duas mensagem
bem claras e paradoxalmente opostas.
A primeira
é que elas  são activos humanos importantes
e que ainda estão longe de poderem “arrumar as botas”,
(quanto mais não seja, porque os Estados não têm
dinheiro para lhes pagar as pensões.)
A segunda
é que, mesmo não estando velhos para trabalhar,
estão fora de prazo para um emprego encontrar.

A vida pode não ser justa, mas continua a ser muito boa.
Só temos de evitar criar rugas na alma.

Maria Dias
Maio 2012







(inspirado no artigo publicado por José Bancaleiro)


Ás vezes dói tanto cá no fundo
As lágrimas não chegam para desabafar
Ficam os sentimentos num turbilhão
O sofrimento é demasiado profundo
Como se estivesse ferido o coração,
Ah… como se o mundo fosse acabar…

Acabar é pouco, acabar e renascer
Para que tudo se renove à nossa volta
Para morrer e se voltar a viver,
Para que finalmente acabe esta revolta
Desta vida triste e sem sentido,
Desta inércia perante o presente,
Um querer mudar o já vivido
E ganhar coragem para seguir em frente!

Maria Dias
Maio 2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012



A música em ritmo lento, solta-se no ar
Combinando os sons com o silêncio,
Chama-te devagarinho para o movimento,
E tu, despertas como num acordar pela manhã
Em que o Sol brilha e te convida a levantar,
Entregando-te àquela momento.

A levantar para um sonho colorido,
Tudo brilha e se movimenta no ar,
Tu procuras o ritmo e danças comigo.
O céu está limpo, o Sol balança,
Duas aves dançam entre o arvoredo       
Todos entram nesta dança…
Todos comungam do mesmo segredo.

Não é só o ritmo, nem os passos,
Nem a música, que fazem a dança,
Mas a “Paixão” que vai na alma
De quem tudo se  esquece
E se entrega ao prazer que alcança:
O coração palpita e aquece,
O tempo pára e surge a magia
Do movimentar dos corpos
A mais pura expressão do ser,
Liberta-se toda a rebeldia
E são momentos de puro prazer!


Maria Dias
Maio 2012

Tertúlia do ManeloStar

Fui convidada pelo Manuel
Para aparecer e participar
Por isso aqui estou com o papel
Para alguns poemas partilhar…

Assim, espero contribuir
Para o convivio existente,
Entre acordes e palavras,
Cantigas e alguma risada
Para uma tarde bem passada!

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Voei rumo aos céus para me perder
E de nuvem em nuvem saltitei,
Abracei o Sol para me aquecer,
Vislumbrei a terra e depois chorei.

Lágrimas de tanta comoção
Por tamanha beleza contemplar,
Foi tal alegria, tamanha emoção
Que até me postrei  a rezar.

Quando o Sol se veio despedir
Deitei-me numa nuvem a sonhar,
E, depois dele dizer que ía partir
Esperei pela Lua para a saudar

Com ela fiquei à conversa
Deliciada, pela noite fora,
Nem ela nem eu tinhamos pressa
Para nos irmos dali embora…

As estrelas fizeram-nos companhia
Iluminando o nosso caminho,
Tudo cintilava, tudo resplandecia
E a lua a falava-me com carinho.

Mas de repente despertei
Com um passarinho a cantar,
E foi então que mergulhei
Na realidade,  ao acordar….


Maria Dias
Maio 2012



O desejo

Desabotoou-lhe a camisa
Ficaram ali…. Pele contra pele
Sentiram aquela suave brisa,
A cor clara dela contra o castanho dele
A macieza dela contra a aspereza dele …

Olharam-se, já não pensavam,
O tempo de pensar, viera e partira.
Não importava se se cansavam
O prazer até justificava tudo,
A tranquilidade apagava aquela ira.

O sonho dava lugar ao pensamento
A alegria dava lugar à tristeza,
Era hora de viver o momento,
Era hora de viver a certeza.

Deram-se um ao outro lentamente
Esquecendo todos os problemas,
Sentiram o silêncio, as penas,
O tempo parou  certamente!



Maria Dias
Maio 2012


segunda-feira, 14 de maio de 2012


Batem à porta e perguntas, quem será?
Sou eu… a tua amiga Solidão,
Deixa-me entrar, e verás quem ficará
Para sempre no teu coração…

Não te quero por cá, vai-te embora
Tu não és minha amiga não,
Fazes-me sofrer, vai andando agora,     
Quero companhia, quero distração.

Vá lá, pensa bem e deixa-me entrar
Levo livros e música para entreter,
Ficarei por momentos, só até bastar,
Verás  que também sei conviver.

Se trazes livros  podes ficar,
Senta-te e toma um café comigo,
Mas os meus amigos estão a chegar
E então já não quero estar mais contigo.


Maria Dias
Maio 2012





sábado, 12 de maio de 2012


O  campo estava coberto de flores
Lindas, das mais variadas cores,
O ar repleto de cheiros intensos,
A Primavera e Verão, tão densos.

Este assalto aos nossos sentidos
despertou algo vindo da infância,
quando aqueles cheiros já vividos,
transmitiam  aquela paz e segurança!


Maria Dias
12.Maio.2012

No meu jardim encontrei um sapo
Entre as flores bem disfarçado,
Deliciando-se com a terra já no papo,
E descoberto ficou quieto, o safado.

Queria-o depressa dali para fora
Mas não, não o queria matar,
Foi levado de imediato embora
Para longe, no campo pastar.

Mas antes queria uma foto tirar
Então alguém corajoso o segurou,
Eis o sapo vaidoso a posar
E a máquina… zás..disparou!

Maria Dias
12.Maio.2012