Marta sempre gostou de observar as pessoas à
sua volta. Cada gesto, cada olhar, apela à sua imaginação para construir uma
história.
Desde aquele dia em
que passou horas no aeroporto, que esteve deliciada a observar as partidas, as
chegadas, as despedidas ...tantas vidas cruzadas. Agora, sempre que pode, volta
àquele local, apenas para observar aquele vai vém. A ideia é poder construir
algumas histórias inspiradas naquelas pessoas....
O aeroporto é
provavelmente um dos lugares mais interessantes em que se pode estar – não por
causa do lugar em si, mas por causa das pessoas que estão nele.
Quando estamos num
aeroporto, estamos rodeados de indivíduos de todas as esferas, com todo o tipo
de histórias.
É nos aeroportos
também que se dão algumas das separações mais comoventes e das reuniões mais
alegres. Uma filha que vai para outro país para construir uma nova vida, alguém
que regressa a casa depois de anos fora para finalmente estar com a sua família
– todos os casos são diferentes.
Naquela tarde chuvosa
e fria, Marta sentou-se naquele local já habitual para ela, acompanhada pelo
seu livro, companheiro de todas as horas. Mas pouco leu.... Reparou num homem de meia idade que se
destacava das outras pessoas, por segurar um ramo de flores e uma caixa de
chocolates. Marta ficou a observar e ansiosa por ver quem iria receber aqueles
presentes.
Passaram alguns
minutos e eis que se aproxima uma mulher também de meia idade, com um semblante
ansioso e sorriso aberto... deram alguns abraços apertados e beijos calorosos,
deixando claro o romance presente entre os dois.
Marta começou a
imaginar a vida deste casal.... seriam casados de longa data, com um amor como
há poucos? Ou seriam um casal de viúvos ou divorciados com uma nova história e
amor? Teria ela regressado após alguma
longa ausência? As flores representariam as saudades que ele teve dela?
Fosse qual fosse a
história, foi um quadro bonito de se ver e Marta já tinha ali inspiração para
inventar uma história.
M D
Nov 2019