quinta-feira, 21 de julho de 2016

O LAÇO E O ABRAÇO
Meu Deus! Como é engraçado!Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo,no vestido, em qualquer coisa onde o faço.E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.Ah! Então, é assim o amor, a amizade.Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,deixando livre as duas bandas do laço.Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.Então o amor e a amizade são isso...Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

Mário Quintana

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A Amizade....





Pudera eu ter o dom de um poeta
Ou de um músico…
Para poder colocar em verso e melodia
O sentimento da amizade…
Ah como eu gostava, como eu queria
Poder defini-lo e transcrevê-lo
Esse sentimento da verdade.

A amizade é um sentimento
Tão único e especial,
Troca, amor, cumplicidade
É afeto, é respeito, é vital,
É carinho e honestidade.

A amizade duplica a alegria
E divide as tristezas,
É uma completa melodia
Que diminui as distâncias
Fortalece as certezas
E ultrapassa todas as ânsias…

A amizade, sim, a amizade
É uma troca repartida
De uma cumplicidade,
É a doce canção da vida
É a poesia da eternidade!


Maria Dias
Julho 2012









quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aos amigos..

"Um dia a maioria de nós iremos separar-nos.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhámos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, de angústia, das
vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje já não tenho tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!
A saudade vai apertar, bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.
E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de julho de 2016


Odeio amuos…
Prefiro argumentos,
Odeio recuos…
Prefiro conversa,
Discussão,
Evita sofrimentos
E alivia a tensão.

Fala em vez de calar,
Grita em vez de silenciar,
Discute em vez de amuar,
Só assim podes ultrapassar,
Controla o estado emocional

Para uma conversa normal!

2012
Parabéns a Mia Couto. Faz hoje 5 de Julho, 61 anos. Que nos continue a brindar por muitos anos com as suas maravilhosas palavras.

Dizem que, entre nós,
há oceanos de distância.
Talvez.
Quem sabe de certezas
não é poeta.
O mundo que é nosso
é sempre tão pequenino e tão infindo
que só cabe em olhar de menino.
❥ Mia Couto ❥

domingo, 3 de julho de 2016


Os ninguéns
As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Eduardo Galeano
Em “O Livro dos Abraços”.