domingo, 31 de dezembro de 2017

FELIZ ANO NOVO

Mais uma página do calendário
que está quase a virar
só resta ficar solidário
com o Ano que vai chegar

De repente, num instante fugaz
os fogos de artifício vêm predizer
que o Ano Velho fica para trás
e que o Novo Ano está a nascer

As taças se cruzam num tchim tchim
e embriagados de sentimentos
formulamos votos num frenezim
só desejando bons momentos

Entre abraços calorosos
queremos os sonhos realizados,
e ficamos todos ansiosos
dos nossos desejos alcançados

A mim, resta-me desejar
a todos nós em união
que juntos possamos cantar
a mesma canção

Canção de Paz e Amor
Força para os problemas superar,
brindemos com louvor
ao Ano que vai chegar!





sábado, 30 de dezembro de 2017

FINAL DE ANO - ANO NOVO


O fim de mais um ano é sempre uma época para fazer balanços e o saldo deste ano foi para mim positivo.

2017 foi um ano muito intenso, com muita coisa a acontecer ....vi muitos sonhos concretizados, -o lançamento do meu livro, muitas alterações boas na vida dos meus filhos, posso até defini-lo  como um “ano de mudança”-.

Só que, como tudo na vida, há sempre um mas, há sempre muitas pedras pelo caminho e o mês de Dezembro foi muito atribulado, impedindo  que o ano terminasse bem.

Mas eu  acredito que tudo se vai resolver... e que 2018 vai ser um ano recheado de coisas boas, sobretudo com a chegada de um grande presente, que aguardo com ansiedade.

Embora seja clichê, mas  de facto o mais importante na vida... SAÚDE, PAZ E AMOR   é o que desejo para todos, porque o resto vem por acréscimo.



quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

"O bom do caminho é haver volta
  Para ida sem vinda
  Basta o tempo"

Mia Couto

sábado, 23 de dezembro de 2017

Natal de 2017

Neste Natal, eu só queria mesmo uma prenda,  podia vir embrulhada ou não,  adornada com um laço de qualquer cor,  se ela chegasse tudo ficaria mais fácil..

Só queria “SAÚDE” em casa, para poder reunir a família à volta da mesa. Talvez, de momento, seja um desejo com asas, mas que não voa...

Apesar do lugar vago à mesa, uma ausência sentida, mas sempre presente no coração, queria tanto poder evocar as recordações mais ternas: o cheirinho gostoso do lar, o aconchego, o carinho, o abraço terno, a partilha e fico a desejar:

“Que em cada um de nós possa nascer ou renascer o poder de amar”

“Que em cada um de nós haja o desejo de partilha”

“Que todas as crianças do mundo tenham o direito a sorrir”






Natal

 Do que gosto do Natal são as boas recordações e magia que me ficaram da infância, da minha e mais tarde dos meus filhos; depois o tempo passou e alguns anos menos bons fizeram-me odiar o Natal; talvez "odiar" seja uma palavra demasiado forte.... Não gosto do consumismo, não gosto do que se faz por obrigação, não gosto das ausências dos que já partiram, não gosto de saber que nem todas as crianças têm o direito a sorrir.... No entanto, não quero perder o gosto das recordações mais ternas, tais como o cheirinho a lar, o aconchego, o carinho, o abraço terno, a partilha, a magia das crianças à minha volta, sentir o amor no ar.





segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Planos de vida

Não faço mais planos na minha vida
porque ela, a vida, é que os quer fazer,
julga-se de todo a mais entendida,
e por vezes só nos quer surpreender

Tudo temos que saber enfrentar
e estar preparados para as mudanças,
mas nem sempre conseguimos superar,
desesperamos, perdemos as esperanças

Na vida nada é eterno, nada é permanente
hoje chove, amanhã o Sol de novo brilhará,
eu quero continuar a viver e ser crente
de que ela é bela e a felicidade voltará


Maria Dias
Março 2013


domingo, 10 de dezembro de 2017

Poema aos homens constipados

Pachos na testa, terço na mão, 
Uma botija, chá de limão, 
Zaragatoas, vinho com mel, 
Três aspirinas, creme na pele 
Grito de medo, chamo a mulher. 

-"Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer. 
Mede-me a febre, olha-me a goela, 
Cala os miúdos, fecha a janela, 

Não quero canja, nem a salada, 
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada. 
Se tu sonhasses como me sinto, 
Já vejo a morte nunca te minto, 
Já vejo o inferno, chamas, diabos, 

Anjos estranhos, cornos e rabos, 
Vejo demónios nas suas danças 
Tigres sem listras, bodes sem tranças 
Choros de coruja, risos de grilo 

Ai Lurdes, Lurdes fica comigo 
Não é o pingo de uma torneira, 
Põe-me a Santinha à cabeceira, 
Compõe-me a colcha, 
Fala ao prior, 

Pousa o Jesus no cobertor. 
Chama o Doutor, passa a chamada, 
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada. 
Faz-me tisana e pão de ló, 
Não te levantes que fico só, 

Aqui sozinho a apodrecer, 
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer". 


António Lobo Antunes 
Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Florbela Espanca

A 8 de Dezembro suicida-se Florbela Espanca no dia em que fazia 36 anos
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!"~



domingo, 3 de dezembro de 2017

Bela carta de José Saramago à sua avó

No ano de 1968, José Saramago publicou no jornal A Capital, de Lisboa, a crónica Carta a Josefa, minha avó. Anos mais tarde, ela seria publicada no livro Deste Mundo e do Outro

Carta para Josefa, minha avó
"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo - e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água.
Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira — sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com  isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o contavas?)
Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos — e continuo a não entender. 
Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti — e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos, realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas — e isso ainda é pior. 
Mas porquê, avó, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua."



sábado, 2 de dezembro de 2017

Os ocupados

Pena que os "mais ocupados" não tenham tempo para ler este artigo.....

São muitas as desculpas que temos para viver sem tempo e ninguém pára para pensar que esse tempo, que dizemos que não temos, é tempo de vida que perdemos. Se não temos tempo, é porque é tempo de repensar o tempo.


"Vivemos num tempo de aceleração. Tudo se passa a correr e cada vez mais queremos que as coisas sejam rápidas. Arranjamos artefactos que nos permitam ser rápidos, sempre com a desculpa que somos muito ocupados. Cada um de nós se acha o mais ocupado, o mais atarefado (é ou não é verdade?). Se trabalha é porque trabalha, se está em casa é porque está em casa, se tem um filho único é porque tem um filho único, se tem três é porque já são tem três. Se tem um horário é porque tem um horário, se não tem um horário  é porque não há uma rotina. Se vai à ginástica é porque vai à ginástica,se não vai à ginástica é porque nem sequer tem tempo de ir à ginástica.

Enfim, são muitas as desculpas que temos para viver sem tempo. E então, a sociedade acelera para acompanhar os ritmos das pessoas, tornando tudo alucinante e impessoal.  Compra-se tudo feito. Os carros andam rápido. E as coisas, ou estão há distância de um clique ou é já uma “perda de tempo”. Está-se meses sem estar com os amigos. E a desculpa é sempre a mesma: ” Estou muito atarefada” ” Estou exausta” “Ando sempre a correr”.

E ninguém abranda. E ninguém pára para pensar que esse tempo, que dizemos que não temos, é tempo de vida que perdemos.

Vamos vivendo o dia a dia atropelados em tarefas, sempre com o mesmo discurso. 

Mas, se não temos tempo, é porque é tempo de repensar o tempo. De dizer chega, de voltar ao tempo onde nos sentávamos à mesa, nos juntávamos ao fim de semana. Que escrevíamos cartas (ou até mesmo que falávamos ao telefone sem ser para dar um recado mas para saber verdadeiramente do outro).

Temos de perceber que não nos devemos orgulhar de não ter tempo, mas pensar o que podemos fazer para voltar a ter tempo. Porque quando isto chegar ao fim vamos olhar para trás e  dizemos: passou a correr e ouve tanta coisa que eu não vi.

Não aprofundamos relações, não conseguimos ESTAR com o outro. Já ninguém faz um telefonema para dar os parabéns no aniversário de um amigo. Deixa uma mensagem no facebook.

Já ninguém manda um cartão de boas vindas a um bebé acabado de nascer. Faz um gosto no Instagram. Até responder a um mail se tornou complicado “desculpa, não tive tempo de responder…”

O nosso saber também ele está a ficar contaminado com este ritmo pois aquilo que acreditamos é aquilo que nos impingem aqui ou ali, que lemos transversalmente numas letras gordas numa qualquer rede social e torna-se verdade absoluta. Concordamos e, em vez de investigar, partilhamos com o mundo esse tal saber que nos pareceu fazer sentido. E assim se torna uma asneirada viral (ou uma asneirada total).

E assim lá vamos andando nós, muito depressa, desatentos e desfocados sem certezas de nada, mas com a certeza absoluta que somos mesmo muito ocupados."