O meu contributo para o Jornal da Arpic do mês de Junho:
O
CANTINHO DA POESIA, PENSAMENTOS, CONTOS E
OUTROS…..
Junho é para mim um mês muito importante, pois no dia 1 de Junho fui mãe pela
primeira vez. Aqui fica um poema dedicado à minha filha, um dos amores da minha
vida.
Não há palavras para descrever
O que de maravilhoso senti
Quando pela primeira vez te vi,
Quando me deste a conhecer
O significado da palavra “Mãe…
É um sentimento que se tem,
E que não se consegue explicar
Soube logo que te ía amar!
As saudades que eu tenho
Daquela menina linda…
Depois foste crescendo,
E adolescente ainda,
Já nos íamos apercebendo
Da personalidade forte
Da tua determinação
Sempre guiada pela razão!
De menina a adolescente,
Tornaste-te numa linda mulher,
E hoje só te quero dizer…
Que o meu amor por ti é profundo
Que te admiro demais
E que daria a minha vida
Para te ver feliz neste mundo!
No dia 31 de Maio foi
lançado o livro Colectânea “Cartas” – Editora Lua de Marfim, no qual tive o
privilégio de participar com uma carta que vou partilhar convosco:
O seu olhar deslizou para o lado
pousando no vidro frio do espelho, ela que raramente olhava para o espelho….mas
naquele instante apercebeu-se que durante o tempo que decorrera e em que
encontrara o seu eco, algo desaparecera. Levantou-se e aproximou-se mais do
espelho. Avaliou-se. Sabia exactamente o que perdera. Este reflexo agora
pertencia a uma adulta, uma mulher de meia-idade, não restando espaço para a
frescura de outrora…
Mas felizmente ainda sabia raciocinar.
Ah mas aquele medo quase permanente que sentia, e se um dia até isso falhasse,
se ficasse como sua mãe, como seria perder a sua identidade, nunca mais poderia
ser independente ou até mesmo reconhecer o seu marido e filhos.
Sentiu inundar-se por uma onda de
autocomiseração e as lágrimas vieram-lhe aos olhos.
Foi então quando decidiu concretizar
aquela ideia já antiga de escrever uma carta que ficaria para que a lessem
quando ela já nem se recordasse de quem era.
Era o que ela achava, uma carta sempre
procura quem a leia, que, mais tarde ou mais cedo, quer se goste ou não, as
palavras encontram uma forma de chegar à luz, de darem os seus segredos a
conhecer.
Concentrou-se, começando a escrever,
mas não, não era aquilo que queria dizer, rasgava o papel e iniciava outra, que
diabo, como estava a ser difícil exprimir os seus sentimentos. Não sabendo bem
que dizer, pois os seus pensamentos eram demasiado genéricos, mas possuindo
para ela demasiado significado, e ao mesmo tempo nenhum, no entanto, ela queria
transcrevê-los a todo o custo:
“Querido marido e queridos filhos
Escrevo esta carta enquanto a minha
cabeça o permite. Hoje sei quem sou, sei que tenho um marido que amo e que me
ama, e que tenho dois filhos. Uma filha e um filho, meus amores eternos.
Não sei se um dia perderei os sentidos,
esquecendo o meu passado, por isso agora que ainda passeio pela minha memória
intacta, não só quero contar a minha história, como ainda quero escrever esta
carta para vos dizer que vos Amo e vos pedir perdão se um dia me esquecer dos
vossos nomes ou até me esquecer quem vocês são.
Nesse dia, quando a sombra da noite
cair como densa cortina no meu cérebro, já não serei eu que estarei cá, mas
peço-vos que me abracem do mesmo modo, e que se lembrem que vos amarei
eternamente!”
Largou a caneta por sentir a mão
trémula, sentiu a boca tensa nos lados, como a de uma marioneta de madeira,
olhou de novo no espelho, tentando perceber a dimensão da sua perturbação.
Foi-se deitar e tentou dormir. Estava
cansada. Cores, sons, formas, tudo indistinto à sua volta, mas o sono
escapava-se-lhe… imagens e pensamentos passavam como um flecha pelo cérebro,
uma corrente interminável de sensações… e pensou no abraço dos seus amores,
aquele abraço que vale mais que mil palavras, abraço esse que a embalou num
sono profundo.
Maria Dias
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