Era
uma vez.... um rapaz chamado “Coração”
Toda a gente gostava daquele rapaz. Era tão
querido -diziam uns, tão emotivo- diziam outros, mas que ele era um rapaz fraco,
lá isso era, deixava-se levar com facilidade e disso todos concordavam.
“Coração”
era esse o seu nome, vivia uma vida simples, mas cheia de emoções. Não
conseguia alhear-se das coisas, vivia-as com uma intensidade demasiado forte.
Atraía sempre demasiados problemas, causando-lhe depois grandes sofrimentos.
Era um apaixonado por “Cabeça”, uma rapariga desenvolta e decidida. Ela sentia-se ligada a
ele, mas de uma forma mais solta, nunca se sentia apaixonada, todavia não
imaginava a vida sem ele.
Ela irritava-se muito por ele agir tão
impulsivamente com tudo, já que ela não era nada assim. Ela conseguia pensar e
decidir mais friamente como resolver os problemas.
Mas tinham admiração um pelo outro:
Ela invejava a capacidade que ele tinha de se deixar fascinar
pelas pequenas subtilezas da natureza, pelas pequenas subtilezas das emoções,
pelas pequenas subtilezas da vida.
Ele invejava a forma fria e concisa que ela tinha de encarar e
ultrapassar os obstáculos constantes da vida.
Gozavam momentos de um
afeto fácil e de uma proximidade serena, que lhe recordavam constantemente que,
embora diferentes, se completavam. E foi então que decidiram casar-se. Ela nunca na vida tinha virado uma página tão depressa, mas dessa
vez deixou-se levar pelo Coração.
Todos achavam que não iria dar certo, por
serem tão diferentes um do outro. E na verdade era mais o tempo em que pareciam
o cão e o gato.
Ele sentia-se sempre em estado de paixão e
amor, mas ela era tão racional e tão fria que não conseguia viver esses sentimentos na sua plenitude.
Passados alguns anos tiverem uma filha a que
deram o nome de “Razão”. Uma criança
maravilhosa, que se tornou numa jovem sensata e determinada. Ela veio
equilibrar a vida de ambos, proporcionando mais emoção à Cabeça e mais sensatez
ao Coração.
A Razão não entendia porque é que o pai se
emocionava tanto com tudo:
- Oh Mãe, porque é que o pai chora quando
está triste e também quando está alegre?
O pai emociona-se com facilidade, ele é mesmo
assim – dizia-lhe a mãe: e nunca te podes esquecer disto:
“O teu pai é assim porque tem razões que tu própria desconheces”
MD
2016
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