Quem disse que a idade está na cabeça? Às vezes é o corpo que manda, ou não?
Há dias em que me levanto e a minha cabeça me diz que tenho 30 anos e eu levo um daqueles dias, cheio de afazeres, ginásio, vida doméstica, netos, num corre, corre, cheia de energia e depois no final do dia o meu corpo lembra-me que já não tenho 30, nem 40, nem 50, nem 60. É um desmancha prazeres, é isso que ele é, custava-lhe alguma coisa deixar-me viver na ilusão mais algum tempo.
E depois se dói aqui ou ali, a culpa é do tempo, porque é uma grande instabilidade, ora faz frio, ora faz calor, mas eu quando tinha 30, o meu corpo não dava pelas mudanças bruscas de temperatura. O meu corpo nem se importava com o que a cabeça pensava, porque se sentia bem na sua plenitude. Sentia-se forte, cheio de energia, sempre pronto para mexer, era um aliado à juventude da cabeça.
Agora está de costas voltadas com a cabeça, já nem quer saber se ela quer ter 30, 40 ou 50.
Às vezes faz-lhe a vontade e deixa-a gozar aquela sensação de “eu quero, eu posso, eu faço”, mas depois prega-lhe a partida e pergunta-lhe:
"julgas-te nova não é, estás esquecida que os 30, os 40 e os 50 já lá vão, então toma lá uma dorzita para te lembrares, deixa cá ver onde vai ser, pode ser na zona lombar; e aviso-te já, se continuas a abusar, amanhã vai doer-te a cervical também".
E depois dizem que a idade está na cabeça. Só se for com muita persistência para conseguir a ultrapassar a má vontade do corpo em relação a isso. Tenho que o contrariar, mas neste momento está difícil.
Tenho que ir gerindo esta relação "amor ódio entre a cabeça e o corpo".
Maria Dias
Publicado
no livro
“Hoje
não te posso Abraçar”
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