Perante um mundo que se abre
ao meu olhar e ao meu coração,
Perante a contradição
de mim própria,
que ora choro,
ora rio,
ora rezo,
ora injurio,
ora creio,
ora descreio.
Perante um futuro que não conheço
que me chama e que me alicia,
mas nada diz de si próprio,
um futuro cheio de surpresas e interrogações
encontro-me por vezes só...
mergulhada em sonhos e enquietações
que me fazem pensar e sofrer,
alheia do mundo que me envolve,
fechada no meu eu que me absorve,
espiando os meus passos,
criticando a minha voz,
sofrendo de um modo atroz,
chorando sem saber porquê,
fraca e hesitante
perante
a fraqueza que eu sou!
Só...perguntando a mim mesma
o porquê da solidão,
este viver com os outros
sem que nos dêm razão.
Mas...sinto descer sobre mim,
invadir-me o coração
desejos de bem fazer,
de conquistar,
e de dar,
de revelar,
de dizer...
dizer o que sinto
e que não minto,
dizer
o que quero,
o que sou,
e o que sei,
a gente boa
que saiba como é
e o que vale um coração
de quem cresce para a vida
embalado em sonhos
mas cheio de esperança e fé!
Vem um novo dia
surge a luz
arranco-me à solidão,
sinto a vida a palpitar
quero amar
e aceito ser Eu
pequena e turbulenta,
inquieta,
em busca de um novo mundo
e o amor que sinto é profundo.
Não quero mais sofrer
e surpreendo-me
a dizer:
Tu és o que és e nada mais
E és feliz
vivendo no teu mundo
de sonhos e ideais!
Maio 70
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