Mas ela teve aquilo a que se pode chamar um momento de
clarividência. Foi mais doloroso, mais revelador do que tudo o que tinha
experimentado antes ou viria a experimentar. A dor foi tão profunda que preferiria
uma dor fisica forte e feia.
Um filho ama-se incondicionalmente, mas quase sempre se vê um
filho, como nós gostariamos que ele fosse e não como ele é na realidade. E
quando se descobre que ele não é como nós idealizámos, o sofrimento é tão
grande, que dói para além de tudo o que se possa imaginar e suportar.
A dor dela doía-lhe e dilacerava-a. Despiu os seus pensamentos das
palavas e como o seu coração transbordava de sofrimento, os seus olhos pareciam
um rio. O ar estava pesado de humidade, tão pesado que os peixes poderiam nadar
nele.
Ela olhou em seu redor, sem se mexer, girando apenas as pupilas,
os olhos fecharam-se e viajou rumo ao céu caindo num sonho…..
E viu o filho….aquele filho que tanto a fazia sofrer….viu-o
caminhando pelo monte, pedalando pelo monte acima, tinha a cor corada, uma tez
brilhante e sorria….. lá em cima no monte esteve parado uns instantes olhando o
horizonte…. E quando já pedalava pelo monte abaixo, conseguia meter o vento
dentro da camisa e trazia um semblante feliz.
Ela acordou e quis acreditar que finalmente ele tinha encontrado o
seu rumo e isso era o que contava agora.
Maria Dias
Maio 2012
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