sábado, 19 de maio de 2012


“ENVELHESCENTE”                                               

Ao ler um artigo que achei excelente,
descobri que sou “Envelhescente”

Envelhescência é aquela fase da vida
Que vai desde os quarenta e muitos,
Talvez dos quarenta e cinco
Até aos sessenta e muitos
Talvez até aos sessenta e cinco.

É uma espécie de geração entalada  
entre a idade adulta e a velhice,
como a adolescência já passada
Uma fase que “às vezes” é uma chatice.

Talvez seja por ambas
serem fases de transição,
que a adolescência
tem tanta coisa em comunhão
com a envelhescência.

Se a adolescência é um estágio
para se passar a adulto,
a envelhescência é como presságio
para nos tornarmos velhos

Alguém que não viva intensamente
a sua adolescência,
será seguramente
um adulto infeliz e mal formado.
Alguém que não aproveite bem
a sua envelhescência,
será certamente
um velho casmurro e inconformado.

O adolescente revolta-se porque
os outros o consideram criança
e ele sente-se  “já maduro”.
O Envelhescente rebela-se
porque os outros acham que é velho
e ele sente-se, “apenas maduro”.

Tal como a adolescência,
a dita envelhescência
vem acompanhada de grandes
transformações. 
Fisicamente, na adolescência tudo é força e quantidade.
O corpo cresce e fortalece, os músculos tonificam,
a energia não pára de crescer e a libido explode.
Na envelhescência, a opção é pela gestão e pela qualidade.
A pele ganha rugas, protegemo-la.
Os cabelos embranquecem, aproveitamos para dar um
toque de “classe”.
A visão torna-se menos nítida, usamo-la melhor.
Os músculos enfraquecem, orientamos melhor as energias.
O sexo já não é em quantidade,
Mas melhora em qualidade.

Psicologicamente, as alterações não são menores.
A adolescência traz a ânsia de liberdade
e a pressa em conquistar tudo.
Provoca a rebeldia, a ansiedade  
e a vontade de mudar o mundo.
“Não há estrelas no céu a dourar o seu caminho”

A Envelhescência transporta consigo a
angústia de estar próxima da velhice,
mas também a segurança de quem já passou por quase tudo.
Traz o “bom senso” e o “dar tempo ao tempo”,
mas também o desejo de aproveitar
intensamente cada minuto.
Provoca o conforto das rotinas,
mas também o gosto por viver novas aventuras.  
Origina o respeito pelo que nos espera
“a velhice” mas que procuramos evitar
Também é uma idade de contradições…
“Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover”.

Profissionalmente,
a envelhescência é, por tudo isto,
a fase em que as pessoas maior contribuição podem dar.
Fisicamente,
mesmo menos fortes e rápidos, aprenderam
a gerir melhor as suas energias e ficaram mais resistentes.
Psicologicamente,
possuem a segurança de quem já fez
e a abertura de quem sabe
e que ainda tem muito para aprender.
Emocionalmente,
apresentam o desejo de explorar ao máximo cada momento
e o desejo de deixar a sua marca e vencer.

Estranhamente, a sociedade em que vivemos
transmite a estas pessoas duas mensagem
bem claras e paradoxalmente opostas.
A primeira
é que elas  são activos humanos importantes
e que ainda estão longe de poderem “arrumar as botas”,
(quanto mais não seja, porque os Estados não têm
dinheiro para lhes pagar as pensões.)
A segunda
é que, mesmo não estando velhos para trabalhar,
estão fora de prazo para um emprego encontrar.

A vida pode não ser justa, mas continua a ser muito boa.
Só temos de evitar criar rugas na alma.

Maria Dias
Maio 2012







(inspirado no artigo publicado por José Bancaleiro)

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